por Reverendo Sensho Komukai 

Hokusai Katsushika (1760-1849), nascido em Tóquio, era um artista ukiyo-e conhecido por suas gravuras coloridas em xilogravura. Suas principais obras incluem as “Trinta e seis vistas do Monte Fuji e Esboços de Hokusai”. No entanto, sabe-se pouco sobre sua profunda fé nos ensinamentos de Nichiren Shonin e no Sutra de Lótus. Ele reverenciava especialmente o Bodhisattva Myoken (a Deidade da Ursa Maior) e costumava visitar os Templos Ikegami Honmonji e Horinouchi Myohoji. 

Sempre que ele saia de casa, ele recitava os dharani (fórmula verbal) do Bodhisattva Sábio Universal. Ele ficava tão concentrado nisso, que muitas vezes nem notava os amigos quando passavam por ele. O dharani do Bodhisattva Sábio Universal começa com “Atandai, tandahatai, tandahatei ”. De acordo com o capítulo 28 do Sutra de Lótus, qualquer um que ouvir esse dharani será protegido pelo Bodhisattva Sábio Universal e poderá afastar os maus espíritos.

No nome de Hokusai, “Hoku” significa “norte”. Ele adotou esse nome devido ao seu desejo de vida longa, porque acreditava-se na China que a vida humana seria determinada pela Ursa Maior no norte. “Sai” significa “se trancar em sua casa em um dia de azar e proibir alguém de entrar na casa”. Portanto, o nome Hokusai veio de seu desejo sincero de ser protegido pela Deidade da Ursa Maior. Para evitar influências malignas, ele recitava o dharani sempre que saia de casa.

Apesar de sua profunda fé, ele criou poucas obras que eram declaradamente religiosas. Isso porque a arte ukiyo-e* estava intimamente relacionada aos assuntos mundanos. Assuntos religiosos não eram considerados temas adequados para pinturas ukiyo-e. Um de seus poucos trabalhos, que retrata sua religião como pano de fundo, é “Uma ilustração da manifestação responsiva da grande deusa Shichimen”, que mostra como as pessoas estavam assustadas ao ver uma dragão feminina com sete faces, enquanto Nichiren Shonin recitava calmamente o sutra diante dela. Esta ilustração foi completada dois anos antes de Hokusai falecer. 

Hokusai preferia uma vida modesta e comida simples, sem se importar com sua aparência. Um aprendiz de uma livraria, que frequentava a serviço a casa de Hokusai, dizia: “Hokusai faria um esboço, trancando-se em uma sala de tatame de seis tapetes com pouca luz do sol. Um futon (tipo de colchão japonês) foi deixado estendido perto da mesa de trabalho e uma tigela de arroz ou um pote, que parecia que nunca haviam sido lavados, estavam no chão. Todas as suas roupas estavam sujas de terra e completamente desgastadas”. Ele não demonstrava interesse em nada além do desenvolvimento de sua arte. Ele se dedicou intensamente à busca de uma peça perfeita. Pouco antes de morrer, ele disse: “Se me dessem mais dez anos de vida, ou digamos pelo menos cinco, eu seria capaz de me tornar um pintor genuíno com valor absoluto”. Ele morreu aos 90 anos de idade.

(*) Arte ukiyo-e (gênero de xilogravura e pintura que prosperou no Japão entre os séculos XVII e XIX)

(**) Texto publicado no Nichiren Shu News em agosto de 2018 e tradução pela Equipe de Tradução da Nichiren Shu Hokekyoji Brasil em junho de 2020. 

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