Por Reverendo Gyokai Sekido

Igeta e Tachibana, Símbolos da Nichiren Shu: O emblema da Nichiren Shu foi elaborado a partir do nome de Nichiren Shonin, retratando o sol e a flor de lótus. No entanto, o bem conhecido “Igeta e Tachibana” são outros símbolos que representam a Nichiren Shu. 

Igetaé a moldura de um poço. Antes de haver sistemas modernos de água, poços artesianos eram usados em todo Japão. A moldura era feita de quatro pedaços de madeira dispostas num quadrado, na forma de um caractere chinês que significa “poço”, fixada sobre a boca do poço.

Tachibanaé um tipo de laranja selvagem, verde e cítrica. Sua folha e flor são usadas como modelo para muitos emblemas de famílias no Japão. Fala-se que o símbolo da Nichiren Shu foi adotado do emblema de família do Lorde Li, um famoso lorde samurai do século XVI. 

Comenta-se que Nichiren Shonin era parente distante da família Li. Porém, não há provas disso. No entanto, durante o Período Edo, membros da família Li foram seguidores devotados dos ensinamentos de Nichiren Shonin. Foi por isso que a Nichiren Shu escolheu usar o emblema de família Li como seu símbolo. 

Outro detalhe do Tachibana é que há duas variações: uma com um único tronco e outra com três troncos. Provavelmente, isto é apenas uma mera diferença de estilos. Porém, a razão disso é desconhecida. 

O que é o Enbi ? 

Enbi é o chapéu pontudo usado por um sacerdote nos serviços cerimoniais da Nichiren Shu. 

O sacerdote chinês Tendai Daishi, que viveu entre 538-597, ganhou uma peça cara de tecido do imperador durante o inverno. Ele então enrolou o tecido em volta da sua cabeça. Diz-se que este é o primeiro uso de coberturas de cabeça para sacerdotes.

O sacerdote Tendai japonês Saicho viveu entre 767-822 durante o Periodo Heian, 794-1185. De acordo com o folclore japonês, Saicho ganhou um chapéu do Imperador. Há um retrato de Saicho que o mostra usando um chapéu. 

Nichiren Shonin não usava chapéu. Ele somente enrolava um pano em volta da sua cabeça. Os chapéus usados pelos sacerdotes da Nichiren Shu eram originalmente redondos. Ao longo do tempo, estes mudaram para a atual forma pontiaguda. Estes chapéus eram usados para conduzir os serviços solenes. Sempre que o sacerdote usava um shichijo, um kesa de sete painéis, o Enbi era um acompanhamento obrigatório. 

O Enbi é feito de um material brocado de ouro. Foi introduzido pela primeira vez a partir dos costumes da Corte Imperial Chinesa. Os nobres usavam chapéus de coroas com cordas apertadas presas à coroa e o restante das cordas ficavam penduradas nas costas em duas camadas. Também era usado pela Escola Zen durante a Dinastia Song na China, 960-1279. 

O nome Enbi, rabo de andorinha, vem das duas partes do chapéu que ficam penduradas e parecem um rabo de andorinha.

Contrário a etiqueta de tirar os chapéus durante um serviço memorial ou sermão, os sacerdotes não podem tirar seus Enbis, até que deixem a sala de oração. Isto porque o Enbi faz parte do seu traje formal completo. 

O que é o Mokusho ? 

O mokusho é um tambor de madeira usado pela Nichiren Shu para manter o ritmo ao recitar o Sutra de Lótus e o Odaimoku. Geralmente, o mokusho tem a forma redonda, mas alguns são quadrados. O interior do mokusho é oco para criar um som agradável com a batida da vareta de madeira.

O mokusho foi apresentado pela primeira vez durante o Periodo Meiji, 1868-1912. É dito que a origem do mokusho se deu quando um mestre bateu num pedaço de bamboo cortado com um leque dobrado para manter o ritmo enquanto recitava os sutras. Posteriormente, o mokusho de madeira foi criado e seu uso se espalhou amplamente pelos templos ao redor do Templo Minobusan Kuonji. Por fim, se espalhou por todos os templos da Nichiren Shu no Japão.

Antes do mokusho ser criado, o mokugyo ou peixe de madeira, era usado. Mokugyo é um outro tipo de tambor de madeira usado nos templos budistas junto com o mokusho. O mokugyo foi esculpido na forma de um peixe cumprido. Esta forma tem uma origem interessante. Diz-se que um sacerdote deveria ser encorajado a praticar firme, olhando para a forma de um peixe, que se acreditava nunca fechar seus olhos para o sono. 

O mokugyo cria um som suave. O mokusho, por outro lado, cria um tom leve e animado. O mokusho era preferido para uso pela Nichiren Shu porque ajudava a manter o ritmo da leitura do Sutra de Lótus com clareza e rapidez. É usado amplamente na orações de Kito porque pode ser batido com toques rápidos. 

(*) Artigo publicado no Nichiren Shu News em junho, outubro e dezembro de 2017 e traduzido pela Equipe de Tradução da Nichiren Shu Hokekyoji Brasil em fevereiro 2020.

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