Por Reverendo Gyokai Sekido

O primeiro concílio para a compilação de sutras foi realizado em Rajagriha imediatamente após o falecimento do Buda Shakyamuni. Quinhentos sacerdotes participaram. Kasyapa, um dos dez grandes discípulos do Buda e bem conhecido por seu estilo de vida simples, presidiu o evento. Naquela época, não havia o hábito de se registrar os sermões por escrito. Os discípulos memorizavam os sermões do Buda e os recitavam. Foi durante esses concílios, que os sermões do Buda foram apresentados e compilados em uma linguagem escrita.

Aproximadamente 100 anos após a morte do Buda Shakyamuni, realizou-se o segundo concílio para a compilação de sutras. Cerca de setecentos sacerdotes participaram do evento.

O terceiro concílio foi realizado duzentos anos após a morte de Buda. Esse concilio com mil sacerdotes presentes foi convocado pelo Rei Ashoka (A.C. 268-232), um budista devoto. Ele construiu uma nação unida na Índia antiga. O quarto concílio foi realizado pelo Rei Kanishka no século segundo em Kashmir, noroeste da Índia. Rei Kanishka governou a Ásia Central e o norte da Índia. No âmbito de sua autoridade, culturas da Índia, Grécia e Roma foram harmonizadas e diferentes tipos de religiões, incluindo o budismo, prosperaram.

Os sacerdotes desistiram de suas vidas itinerantes logo após a morte de Buda e começaram a viver em templos. Eles receberam auxílio econômico de famílias reais e mercadores influentes. Eles se concentraram em estudar e meditar. Tal antiga ordem de budistas se dividiu em muitas escolas de doutrina.

Existiam dois tipos de monges. Um tipo era o dos monges sravakas, que foram originalmente discípulos de Buda Shakyamuni e mais tarde seguidores do Budismo Hinayana. Sravaka é um monge que atinge a iluminação ouvindo o ensinamento do Buda. O outro tipo era o dos pratyekabuddhas, aquele que atinge a iluminação sem a orientação de um professor, mas observando os princípios dos doze elos de causalidade. O ideal do sravaka e do pratyekabuddha era o de se tornar um “Arhat”, um santo Hinayana que destruiu completamente suas paixões malignas e se livrou do ciclo de nascimento e morte. Por outro lado, haviam sacerdotes com ideias progressistas almejando se tornarem Budas através da prática de Bodhisattva. O Budismo Mahayana surgiu com força no decorrer do século primeiro.

Os monges sravaka viviam em grupos nos templos. Monges pratyekabuddhas perseguiam temas filosóficos, vivendo nos campos e nas montanhas. Eles não ensinavam as pessoas, seu objetivo era obter sua própria emancipação. Pelo contrário, aqueles que seguiam a prática de Bodhisattva almejavam se tornar Budas e ensinavam as pessoas enquanto eles mesmos praticavam. Sravakas e pratyekabuddha são Budistas Hinayana. Seu propósito é realizar seu próprio progresso. Bodhisattva é um Budista Mahayana que ensina e guia as pessoas enquanto pratica para se tornar Buda. O Budismo Mahayana é o Grande Veiculo que conduz as pessoas a alcançar a iluminação. Deste modo, os sutras Mahayana tais como o Sutra da Sabedoria, o Sutra do Lótus e o Sutra da Guirlanda de Flores foram compilados após o século primeiro. No século terceiro, o estudo da ideia de vazio (de que todas as coisas que existem são originariamente vazias) apresentou progresso notável com Nagarjuna. O Sutra de Srimala e o Sutra do Nirvana foram compilados no século quarto. Posteriormente, muitos livros sagrados e documentos de pesquisa foram compilados. Pode-se dizer que a filosofia do budismo que Buda propôs foi incorporada no Sutra do Lótus, o supremo Sutra do Budismo, através da longa história do trabalho de compilação dos sutras e seus comentários.

Breve Conversa sobre Vários Tópicos do Budismo (6) – Coletânea de artigos publicados no Nichiren Shu News em junho de 2011 e traduzidos pela equipe de tradução da Nichiren Shu Brasil em maio de 2019.

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