No Ano Novo do Período Edo, no final do século XVII, um senhor feudal (daimyo em japonês) sofreu de uma dor de estômago aguda no Castelo de Edo-jo, que o deixou muito abatido. A dor era tão insuportável que ele suava frio pelo corpo inteiro. Incapaz de suportar vê-lo se contorcendo de dor, Lorde Masatoshi Maeda, daimyo da Província de Toyama, tirou um remédio de sua cesta e entregou a ele. Imediatamente, o daimyo se livrou da dor. Outros senhores feudais de várias províncias, admirados com a eficácia do remédio,  quiseram saber o nome do remédio e imploraram a Lorde Maeda que lhes desse algum remédio como prevenção para uma doença repentina. O remédio que Lorde Maeda lhes entregou era chamado han-gon-tan, significando literalmente “uma pílula para trazer de volta à vida” (han, reviver, gon, uma alma ou um espírito, e tan, uma pílula). A maioria dos daimyo solicitaram encarecidamente que alguém de Toyama fosse a suas províncias para vender o remédio.

O medicamento han-gon-tan originou-se na região de Okayama da Província de Bizen. Jokan Mandai, o médico da região, depois de viajar pelo país inteiro, permaneceu no castelo da cidade de Toyama. Lorde Masatoshi Maeda, ao ouvir por acaso sobre a eficácia do remédio, pediu à Jokan que produzisse mais medicamentos han-gon-tan. O medicamento era um remédio maravilhoso, produzido originalmente segundo uma receita secreta herdada, que nunca poderia sair do domínio feudal. Dr. Mandai, no entanto, produziu o medicamento han-gon-tan e o apresentou para Lorde Maeda. Ele tinha firme fé no Sutra de Lótus, especialmente no Capítulo 23º, “Os Feitos Passados do Bodhisattva Rei da Medicina” que diz, “Este Sutra é um bom remédio contra as doenças, salva todos os seres vivos de todos os sofrimentos e de todas as amarras do nascimento e da morte”. Ele ainda carregava uma estátua do Bodhisattva Rei da Medicina consigo em todos os momentos. Sob o espírito do Bodhisattva Rei da Medicina, Dr. Mandai se prontificou produzir o remédio a partir da sua firme determinação de acudir aqueles que sofriam de doenças agudas.

Lorde Maeda ficou impressionado com a disposição altruísta do médico, como um bodhisattva. Avaliando que era altamente importante estender ajuda médica a todas as aldeias pobres e isoladas, onde os benefícios dos serviços médicos jamais chegavam, ele adotou um método de venda de medicamentos conhecido como sistema de “use primeiro, pague depois”, no qual um vendedor ambulante colocava diferentes tipos de medicamento num baú e entregava na casa do cliente. Uma taxa pelos medicamentos usados seria paga na próxima visita do vendedor ambulante. Dessa forma, o sistema de comércio itinerante de venda de medicamento começou e tornou-se comum avistar os vendedores ambulantes de medicamentos de Toyama percorrendo todo o país.

 O Dr. Mandai produziu o medicamento han-gon-tan para salvar muitas vidas e foi reconhecido como um colaborador importante para o crescimento do comércio itinerante de medicamentos em Toyama. Quando ele faleceu, os vendedores ambulantes de medicamentos em Toyama desejaram receber alguns dos seus restos mortais e os sepultaram no Templo Myokokuji na Cidade de Toyama. Cerimônias memoriais, expressando gratidão a ele, ainda são realizadas no Templo Myokokuji anualmente em 5 de junho. Todos os envolvidos na indústria farmacêutica comparecem a essa cerimônia em louvor a influência benéfica do Dr. Mandai.

(*) Texto publicado no Nichiren Shu News e traduzido pela equipe de traduções da Nichiren Shu Hokekyo do Brasil em dezembro de 2019

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