Por Prof. Gyouko Otani, Rev. Hoyu Maruyama e Rev. Shincho Noguchi
Capítulo V e Nichiren Shonin refletindo sobre perseguições por Rev. Hoyu Maruyama
“Eu enxergo todos os seres vivos igualmente. Não tenho preferências quanto a eles. Não há “este” ou “aquele” para mim. Transcendo o amor e o ódio. Não estou apegado a nada. Não tenho impedimentos. Sempre exponho o Darma para todos os seres vivos igualmente. Exponho o Darma a muitos da mesma maneira a um. Sempre exponho o Darma. Não faço nada mais”. (Capítulo 5 do Sutra de Lotus: O Símile das Ervas)
Esses belos gathas (versos) são citações de “O Símile das Ervas”, capítulo do Sutra de Lótus. O Buda nos conta que ele está sempre expondo o Darma para nós, imparcialmente. Mesmo se ele estiver cercado por uma multidão, o Buda faz chover o Darma sobre cada um deles igualmente como se estivesse falando com uma só pessoa.
“Nos 2.220 e poucos anos desde o falecimento do Buda, eu, Nichiren sou o único que corroborou as palavras do Buda no mundo inteiro.” (Perseguição acometendo Nichiren Shonin retirado de Showa Teigi Ibun).
Essa é a carta que Nichiren Shonin escreveu no Monte Minobu, no primeiro dia de outubro do segundo ano do Período Koan (1279). Na carta, é explicado que ela é endereçada “Aos Meus Seguidores e que esta carta deve ser guardada por Lorde Saburo Zaemonnojo (Shijo Kingo Yorimoto)”. Nichiren Shonin escreveu essa carta para incentivar seus seguidores a não desistir de sua Fé no Sutra de Lótus.
Pouco antes de Nichiren escrever esta carta, a Perseguição de Atsuwara acometeu seus seguidores em Atsuwara, no Condado Fuji. Durante essa crise, ele os encorajou a não ficar com medo, mas fortalecer sua determinação.
No começo da carta, ele se referiu à sua primeira proclamação do Odaimoku no 28º dia do 4º mês no 5º ano de Kencho (1253). Esse foi o início do Budismo Nichiren. Na carta, ele declarou, “Está previsto no Sutra de Lótus: Muitas pessoas irão odiar esse sutra por ciúmes durante minha vida. Desnecessário dizer que mais pessoas irão odiá-lo após minha morte. Durante minha propagação do ensinamento do Sutra de Lótus nos últimos vinte e sete anos, eu, Nichiren, enfrentei muitas perseguições. Fui exilado em Izu, ferido no braço esquerdo e na testa, colocado no tatame de execução e exilado novamente em Sado. Não sei se minhas dificuldades superam as do Buda, mas as dos seguidores dele, desde sua morte, não se comparam as minhas. Portanto, se eu não tivesse aparecido na Última Era da Degeneração, o Buda teria sido um grande mentiroso”.
Capítulo VII: “A Parábola de uma Cidade Mágica” e Uma Resposta a Lorde Ueno por Rev. Hoyu Maruyama
“Que os méritos acumulados por este oferecimento sejam distribuídos entre todos os seres vivos. Que nós e todos os outros seres vivos conquistemos a iluminação do Buda!” (Capítulo 7 do Sutra de Lótus – A Parábola de uma Cidade Mágica)
As frases acima são citadas no Capítulo 7 do Sutra de Lótus: “A Parábola de uma Cidade Mágica”. Neste capítulo, os Rei do Céu de Brahman, nos mundos dos dez quadrantes, imploraram ao Tathagata da Grande Sabedoria Suprema e Universal , que se iluminou sob a Arvore Bodhi, para expor o Darma a fim de que o Buda pudesse salvar todos os seres vivos do sofrimento. As frases são tão famosas que muitas escolas budistas, como também a Nichiren Shu, ainda as usam quando leem a invocação durante cerimônias formais. Os Reis do Céu de Brahman, oferecendo seus palácios ao Tathagata da Grande Sabedoria Suprema e Universal, pediram ao Buda que aceitasse estes presentes por compaixão e expusesse-lhes o Darma. Podemos entender seu grande voto como significando: “Uma vez que você, o Tathagata, exponha o Darma, nós o ouviremos seriamente e o sustentaremos. Então, acumularemos os méritos deste oferecimento. Distribuindo os méritos entre todos os seres vivos, todos nós podemos conquistar a iluminação do Buda”.
“Eu lhe imploro: está na hora de todos os meus discípulos tomarem uma resolução firme. De qualquer forma, como seres humanos, a morte permanece inevitável. A dor e a tristeza experienciadas por uma morte natural não são diferentes das provocadas por doença ou guerra. Consequentemente, dado que o resultado é inalterável, é imperativo confiarmos nossas vidas ao Sutra de Lótus. Pense nisso como devolver uma gota de orvalho ao oceano ou enterrar um grão de poeira na terra. O terceiro fascículo do Sutra de Lótus (Capítulo 7 – A Parábola de uma Cidade Mágica) diz “Que os méritos acumulados por este oferecimento sejam distribuídos entre todos os seres vivos. Que nós e todos os outros seres vivos possamos conquistar juntos a iluminação do Buda”.” (Uma Resposta a Lorde Ueno-Ueno-dono Gohenji)
O manuscrito original dessa carta, composto por cinco páginas, está guardado no Templo Taisekiji, próximo ao Monte Fuji. Como regra básica para escrever cartas, naquela época somente o dia e o mês são marcados (“no sexto do decimo primeiro mês”), mas não o ano. Há um pós-escrito que diz “a carta é escrita em agradecimento ao esforço que você fez em relação a Perseguição de Atsuwara”. Acredita-se que Nichiren Shonin enviou essa carta de Minobusan para Nanjo (Ueno) Tokimitsu, um administrador patrimonial no Distrito de Ueno, próximo ao Monte Fuji, na Prefeitura de Shizuoka. Nanjo era um apoiador importante de Nichiren Shonin.
A Perseguição de Atsuwara ocorreu no segundo ano da era Koan (1279), que coloca a carta entre essa época e a morte de Nichiren Shonin, em 1282. As frases citadas acima são encontradas na última parte da carta. Nichiren estimulava seus seguidores a se decidirem e terem firme Fé no Sutra de Lótus.
(*) Textos publicados no Nichiren Shu News em agosto e outubro de 2012 e traduzidos pela equipe de traduções da Nichiren Shu Brasil em setembro 2019.
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