Por Prof. Gyouko Otani, Rev. Hoyu Maruyama e Rev. Shincho Noguchi
Capítulo X: O Mestre do Darma e Reminiscência por Rev. Hoyu Maruyama
“Suponha que um homem em um platô sentiu sede e procurou água, cavando um buraco para conseguir água. Enquanto ele via os pedaços de terra escavados secos, ele sabia que a água ainda estava longe. Ele continuou cavando e se deparou com os pedaços de terra escavados ficando úmidos. Quando ele finalmente encontrou lama, ele se convenceu que a água estava próxima”. (Capítulo 10 – O Mestre do Darma do Sutra de Lótus – p.176)
Essa história muito conhecida como “um homem cavando um buraco em um platô” é uma das parábolas expostas no Sutra de Lótus. Ela nos mostra como sustentar nossa Fé no Sutra de Lótus, especialmente na maneira de alcançarmos a iluminação do Buda. A parábola é exposta para tornar o parágrafo anterior mais bem entendido.
Um homem procurava por água para saciar sua sede. Então, ele cavou um buraco no platô para conseguir água. Constatando que os pedaços de terra escavados permaneciam secos, ele soube que estaria distante da água. Longe de desistir, ele continuou cavando, até perceber os pedaços de terras ficarem úmidos, tendo a certeza que a água estava a seu alcance.
Nada é diferente quando se pratica o caminho dos Bodhisattvas. Se você ainda não ouviu ou praticou o Sutra de Lótus, ainda estará longe de Anuttara-samyak-sambodhi: Iluminação Perfeita. Ao ouvir e continuar praticando o Sutra de Lótus, você poderá se aproximar de Anuttara-samyak-sambodhi.
“Embora eu praticasse este sutra, mais ou menos no passado, eu o parava quando me deparava com algum perigo para minha vida. É como acrescentar água fria numa chaleira com água fervente e deixar de bater as pedras antes de iniciar uma faísca. Nunca teremos água quente ou acenderemos o fogo. Agora é o momento, quando vocês, discípulos de Nichiren, devem se decidir. Trocar esse corpo mal habituado pelo Sutra de Lótus é como trocar uma pedra por ouro e esterco por arroz. (Reminiscências ou Shuju Onfurumai Gosho, Escritos de Nichiren Shonin Volume 5, p.24)”
Acredita-se que o trecho acima é parte de uma carta que Nichiren Shonin teria escrito no Monte Minobu para Konichi-bo, na Provincia de Awa (Prefeitura de Chiba,) no primeiro ou segundo ano da Era Kenji (1275/76). O manuscrito original, preservado no Templo Kuonji, no Monte Minobu, foi considerado como quatro manuscritos diferentes. No entanto, após estudo de um notável erudito, concluiu-se que se tratava de uma única obra original. Dos quatro títulos, “Shuju onfurumais gosho” (“Reminiscências”), foi escolhido como o título da obra, porque mencionava a vida de Nichiren Shonin em retrospectiva.
É aqui que Nichiren Shonin encoraja seus discípulos, enfatizando que diante de algum perigo para nossas vidas, abandonar nossa Fé no Sutra de Lótus é como colocar água fria numa chaleira com água fervente ou deixar de acender o fogo antes que haja faísca.
Capítulo XI : “Contemplando a Estupa de Tesouros” e “Contemplação Espiritual e o Mais Venerável por Rev. Shincho Noguchi
“Então, Buda Muitos Tesouros, na estupa dos tesouros, ofereceu metade do seu assento ao Buda Shakyamuni, dizendo ‘Buda Shakyamuni sente-se aqui!’. Buda Shakyamuni entrou na estupa e se sentou de pernas cruzadas na metade do assento.” (Sutra de Lótus Capítulo 11 – Contemplando a Estupa de Tesouros – p.187).
No começo do Capítulo 11 do Sutra de Lótus, “Contemplando a Estupa de Tesouros”, antes que Buda Shakyamuni reunisse aqueles que expunham o Sutra de Lótus, uma estupa de tesouros surgiu do subsolo. Então, ouviu-se uma voz forte de dentro da estupa de tesouros, dizendo com admiração, “O que você, Shakyamuni, expôs é tudo verdade”. O orador da voz era, “um guardião”, Buda Muitos Tesouros, que falou abertamente para provar a autenticidade do Sutra de Lótus. Pronto para ter a honra de ver Buda Muitos Tesouros, Buda Shakyamuni, como “uma testemunha”, reuniu todos os Budas de suas próprias réplicas. Em seguida, ele abriu a porta da estupa de tesouros. Buda Shakyamuni, Buda Muitos Tesouros e os Budas duplicados se alinharam juntamente.
A passagem do sutra acima descreve como Buda Shakyamuni, convidado a entrar por Buda Muitos Tesouros, entrou e se sentou no meio assento ao lado do Buda Muitos Tesouros. Agora, dois Budas estão sentados lado a lado compartilhando o mesmo assento dentro da estupa de tesouros. Mais tarde, a transmissão do Sutra de Lótus, após a extinção do Buda Shakyamuni, foi tratada enquanto eles estavam suspensos no céu.
A mais venerável cena dessa transmissão de “Namu-myo-ho-ren-ge-kyo” do Buda Eterno para seus discípulos originais é : “Suspensa no céu acima do Mundo Saha do Eterno Buda Shakyamuni, há uma estupa de tesouros, na qual Buda Shakyamuni e Buda Muitos Tesouros se sentam à direita e à esquerda de ‘Myo-ho-ren-ge-kyo’. Eles estão acompanhados pelos quatro bodhisattvas tais como Jogyo (Prática Superior), representante dos discípulos originais do Buda Eterno, convocados do subsolo. Mais quatro bodhisattvas, incluindo Manjusri e Maitreya, que ocupam assentos inferiores como seguidores, outros grandes e pequenos bodhisattvas – aqueles convertidos pelo Buda na seção teórica e aqueles que vieram de outras terras, assemelham-se a numerosas pessoas sentadas no chão olhando para os nobres da corte. Também alinhados no chão, há Budas em manifestação (funjin Budas), reunidos de todos os mundos do universo em louvor à pregação de Buda, representando Budas provisórios em suas respectivas terras.” (Contemplação Espiritual e o Mais Venerável, vol.2, p.149)”.
Na citação acima, Nichiren Shonin retratou o Grande Mandala Gohonzon (O Mais Venerável), baseado na assembleia do céu no Capítulo 11 do Sutra de Lótus. O princípio chave é descrito como segue: O Título Sagrado, “Namu-myoho-renge-kyo” escrito em caracteres chineses é colocado no centro. Buda Shakyamuni está à esquerda e Buda Muitos Tesouros está à direita. Além disso, os Quatro Grandes Bodhisattvas estão alinhados ao redor de ambos como acompanhantes dos Budas. As estátuas de Buda configuradas do mandala são chamadas “Itto-Ryoson-Shishi (Uma Estupa, Dois Budas e Quatro Bodhisattvas). Existem mais de 120 mandalas honzon na caligrafia de Nichiren até hoje. Do que ele escreveu no ano Kenji (1278) – aos 56 anos de idade – há algumas mandalas nas quais os Budas duplicados (funjin Budas) estão invocados à esquerda, juntamente com o nome dos Budas das dez direções, e o Buda Boa Virtude ao leste à direita. Posteriormente, no entanto, o estilo mandala honzon ficou mais organizado.
A julgar pela cena de pregação no Capítulo 11 do Sutra de Lótus, a assembleia parece estar arrebatada por causa dos muitos Budas ao seu redor. Quando juntamos as mãos em Gassho, olhando na direção do mandala honzon, como se estivesse no céu, nós participamos da assembleia na qual o Sutra de Lótus está sendo exposto no céu.
(*) Textos publicados no Nichiren Shu News em dezembro de 2012 e fevereiro de 2013 e traduzidos pela equipe de traduções da Nichiren Shu Brasil em setembro de 2019.
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