por Rev. Kosei Uchida
O Japão possui 2.000 ilhas. Cerca de 500 delas são habitáveis. A Província de Tóquio inclui uma cadeia de ilhas remotas, as Ilhas de Izu. Uma delas é a Ilha de Niijima. Os templos em Niijima são todos templos da Nichiren Shu. Todos os ilhéus são seguidores e apoiadores da Nichiren Shu.
Muito tempo atrás, criminosos exilados foram enviados para a Ilha de Niijima. De acordo com um registro histórico, cerca de 1.333 criminosos, incluindo samurais, camponeses, cidadãos, sacerdotes de santuário e mesmo sacerdotes budistas foram levados para a Ilha de Niijima entre 1668 e 1871. A maioria deles foi sepultada em um cemitério para exilados no templo da Nichiren Shu. Atualmente, seus túmulos ainda são bem cuidados e decorados com flores. Isto porque, possivelmente, muitos exilados do continente tenham contribuído para melhorar a vida e a cultura dos ilhéus. Isto incluiu educação, assistência médica, habilidades especiais e artes performáticas. As ofertas de flores são sempre renovadas e frescas para lembrar os antepassados e expressar sentimentos de gratidão.
A Ilha de Niijima está estrategicamente localizada para navegação marítima e é famosa por produzir um peixe salgado e seco ao sol chamado “kusaya”. Aproximadamente 2.000 habitantes vivem na ilha. Suprimentos diários são transportados por via aérea e marítima. Às vezes, quando o mar está agitado, nenhum suprimento ou correspondência chega por muitos dias. Se o cabo submarino estiver quebrado, não tem como usar telefones ou conectar-se à internet.
Para aqueles ilhéus que vivem num lugar que envolve um elemento constante de inconveniência, recitar Odaimoku “Namu Myoho Renge Kyo” tem sido algo importante para se viver ao longo dos séculos. No entanto, a maneira que eles recitam é bastante incomum. É tradicionalmente chamado “Nami-Daimoku”, significando “Daimoku ondulado”. Eles recitam Odaimoku num tom de canção repetidamente, assim como as ondas do mar interminavelmente se quebram e se afastam. Quando eles se juntam para um funeral ou cerimônia memorial, eles recitam alto como se estivessem chorando de dor e tristeza emocional. Eles sabem muito bem o quanto a vida pode ser difícil numa ilha cercada pelo mar, mas eles têm que viver à beira-mar.A dor abate a todos de novo e de novo, mas eles simplesmente a aceitam, parecendo mostrar sua firme determinação de superar qualquer dificuldade e dor que possam surgir.
Surpreendentemente, não existe partitura musical para o Nami-Daimoku, que tem sido transmitido de boca em boca, de geração em geração. Este é um ativo cultural intangível, nascido separadamente do continente e uma forma original de fé na ilha.
(*) Artigo publicado no Nichiren Shu News de junho de 2020 e traduzido pela Equipe de Tradução da Nichiren Shu Hokekyoji Brasil.
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