Os Budas
Dois budas são mostrados no grande mandala, Shakyamuni Buda e Tathagata Muitos Tesouros. Entretanto, deve ficar claro que existem outros budas que estão presentes na Cerimônia no Ar. Estes budas são emanações dos mundos das dez direções. Este grupo é composto de todos os budas das terras puras em todo o universo e que na verdade são emanações do Eterno Buda Shakyamuni. Estes budas não são mostrados no Shutei Gohonzon, mas a presença deles está implícita. Juntos, Shakyamuni Buda e a emanação dos budas mostram que todos os budas de todas as direções são um com o Odaimoku.
O grande Mandala mostra todos os seres vivos dos dez mundos iluminados pelo Odaimoku. Os budas do passado, presente e futuro são incluídos nisto. Shakyamuni Buda representa os budas do presente, enquanto Tathagata Muitos Tesouros representa os budas do passado, e os seres vivos dos outros nove mundos são os budas do futuro. Isto mostra que todos os budas do passado, presente e futuro estão unificados com o Odaimoku.
Nos gohonzons do budismo Nichiren, os dois budas são inscritos de uma maneira que forma o mudra Anjali (em japonês: gassho-in), o gesto que fazemos com as mãos em que juntamos as palmas em frente ao coração para indicar uma atitude de respeito e reverência. Este é o mesmo mudra que os praticantes do budismo Nichiren utilizam quando recitam o Odaimoku. É um pouco incomum ver os Budas realizando este mudra, mas neste caso ele indica que ambos Shakyamuni Buda e o Tathagata Muitos Tesouros estão juntos em exaltação ao Maravilhoso Dharma da Flor de Lótus para o qual eles despertaram e para consagrar a natureza-búdica em todos os seres vivos.
Note que no mandala gohonzon os nomes dos dois budas são precedidos cada um por “Namu”, o que indica que eles são dignos de nosso respeito, devoção, refúgio e confiança.
Namu Shakyamuni Butsu
Shakyamuni Buda
No grande mandala, o Buda Shakyamuni é o Eterno Buda Shakyamuni que não pode ser descrito ou imaginado em termos de nascimento e morte, em termos de Eu e Outro, e que é a fonte de todas as outras manifestações da iluminação. Ele é o Buda original que nunca nasceu e jamais morrerá.
Nos sutras antes do Sutra do Lótus, Shakyamuni Buda é o histórico Siddharta Gautama que deixou sua casa e se tornou o Buda depois de atingir o despertar debaixo da árvore Bodhi a aproximadamente 2.500 anos atrás. Ele ensinou outros o caminho para a iluminação por aproximadamente 50 anos no nordeste da Índia até sua morte quando tinha 80 anos.
Esta visão não muda até o capítulo onze do Sutra do Lótus. Neste capítulo, o Tathagata Muitos Tesouros aparece em seu estupa de tesouros e certifica a verdade e excelência do Veículo Único que Shakyamuni Buda ensinou nos dez primeiros capítulos do sutra. A assembléia então pede para ver o Tathagata Muitos Tesouros, mas ao invés de abrir o estupa de tesouros, Shakyamuni Buda deve chamar suas muitas emanações que são os budas das dez direções. Shakyamuni Buda purifica o mundo três vezes e então chama suas emanações. Ao fazer isto, ele não é mais apenas o histórico Buda mas é revelado como a fonte de todos os dudas ideais das Terras Puras por todo o universo. Ele abre o estupa de tesouros que sobrevoa o céu, senta-se ao lado do Tathagata Muitos Tesouros e utiliza seus poderes sobrenaturais para suspender toda a assembléia no ar com ele. Este é o começo da Cerimônia no Ar.
No capítulo quinze, Shakyamuni Buda evoca bodhisattvas que emergem debaixo da terra e revela que eles são seus discípulos originais de um passado remoto. A assembléia se questiona em como ele poderia ensinar estes inumeráveis bodhisattvas de um passado remoto quando ele tem apenas ensinado por 40 anos. No capítulo dezesseis, o Buda responde às questões de seus discípulos revelando que ele não atingiu a iluminação debaixo da árvore Bodhi 40 anos antes dos eventos do Sutra do Lótus. Ao invés disso, ele atingiu a iluminação em um passado remoto impossível de enumerar. É neste ponto, no capítulo dezesseis que o Buda Shakyamuni revela a si mesmo como o Buda Eterno ou Original e não como simplesmente o Buda histórico ou até mesmo como uma simples fonte emanação de um Buda do presente. Esta ideia do Buda Shakyamuni, especificamente no capítulo dezesseis do Sutra do Lótus, é a chave para a verdadeira natureza da iluminação de acordo com o budismo Nichiren.
Shinjo Suguro explica que o Eterno ou Original Buda Shakyamuni um budismo de uma fé unida:
“No budismo, vários Budas tem sido estabelecidos como objetos de devoção por diferentes praticantes. Uma vez que cada Buda tem uma boa razão para ser venerado, o budismo permite-nos respeitar e admirar qualquer um deles. Mesmo assim, o mais respeitado de todos deve ser único, assim como a verdade é única. A segunda metade do Sutra do Lótus (Honmon) enfatiza uma posição budista relativa a uma fé unificada. Como objeto de prática absoluto, deve-se relacionar a uma esfera da eternidade. Geralmente pensamos em Shakyamuni como uma figura histórica, preso em limitações como tempo e espaço, e apenas como uma manifestação provisória do infinito, eterno Buda. De acordo com o Sutra do Lótus, entretanto, cada Buda, incluindo o histórico Buda Shakyamuni, é uma representação do ser eterno e original de Shakyamuni.
Shakyamuni, quando visto como o ser terno, é chamado de Buda Original (Honbutsu), que foi iluminado no passado remoto. Os outros Budas são chamados “manifestações do Buda”. A existência de cada um deles é uma manifestação provisória em algum lugar em alguma era do Buda Original. A segunda metade do Sutra do Lótus (honmon) revela o conceito da eternidade de Shakyamuni, em contraste com o Buda histórico, que é uma representação temporal de si mesmo.“ (Introdução ao Sutra do Lótus, p.223)
O Eterno Buda Shakyamuni representa a unidade de todos os três corpos (em sânscrito, trikaya) do Buda: o universal corpo do Dharma (skt: Dharmakaya), o idealizado corpo da Satisfação (skt: Sambhogakaya), e o histórico corpo da Transformação (skt: Nirmanakaya). O Eterno Buda Shakyamuni é distinguido do Buda histórico pela presença dos quatro bodhisattvas, os líderes dos bodhisattvas que surgiram debaixo da Terra. O histórico Buda Shakyamuni, entretanto, é apenas acompanhado por seus discípulos monges, tais como Ananda e Mahakashyapa, e apenas representa o Corpo da Transformação (Nirmanakaya). O mais exaltado Buda SHakyamuni dos ensinamentos provisórios do Mahayana é acompanhado por tais bodhisattvas como Manjushri e Bem Universal, mas apenas representa o Corpo da Satisfação, percebido pelos avançados bodhisattvas. Apenas o Eterno Buda Shakyamuni, acompanhado pelos quatro líderes dos bodhisattvas representa todos os três corpos em um, a unidade doso aspectos universal, ideal e histórico da iluminação. Todos os outros budas são simplesmente emanações ou aspectos dele. Por esta razão o Eterno Buda Shakyamuni é considerado em ser o Buda a que devemos o maior respeito e reverência.
O Eterno Buda Shakyamuni também mostra as três virtudes de pai, professor e soberano de todos que moran no mundo Saha. O que quer dizer que, o Eterno Buda Shakyamuni nutre, ensina e protege a humanidade através do poder do Maravilhoso Dharma. Isto porque a fé no Sutra do Lótus possibilita que nossa sabedoria amadureça, que nossos olhos se abram para a verdade, e nos livre do sofrimento.
A terra pura do Eterno Buda Shakyamuni [e a verdadeira realidade deste mundo onde o Buda [e sempre presente, ensinando o Dharma. Deste modo, também é as vezes chamada de “Terra Pura do Pico da Águia. No Sutra da Meditação do Bodhisattva Bem Universal esta terra pura [e chamada de Terra Pura da Luz Tranquila.
Namu Taho Nyorai
Prabhutaratna Tathagata
Tathagata Muitos Tesouros
O Tathagata Muitos Tesouros aparece no décimo primeiro capítulo do Sutra do Lótus quando ele surge debaixo da terra dentro de um estupa de tesouros que sobe aos céus acima do Píco da Águia. Neste capítulo ele certifica o Dharma que o Buda Shakyamuni tem ensinado. Shakyamuni Buda fala para a congregação que o Tathagata Muitos Tesouros ensinou no mundo dos Tesouros Puros muitas eras atrás. Ele fez um juramento de que mesmo após sua extinção ele iria aparecer para certificar o Dharma do Sutra do Lótus se alguém o ensinasse após sua passagem. O Tathagata Muitos Tesouros também fez um juramento que ele permitiria que seu stupa fosse aberto para revela seu corpo se o Buda que ensinasse o Sutra do Lótus chamasse todas as suas emanações ao longo do universal. Isto é de fato o que Shakyamuni Buda faz. Ele purifica o mundo Saha, chama todas as suas emanações, sobe aos céus e abre o estupa. Então, com o convite feito pelo Tathagata Muitos Tesouros, Shakyamuni Buda entra no estupa de tesouros ele mesmo. Shakyamuni Buda utiliza seus poderes sobrenaturais e eleva toda a congregação aos céus também. Neste momento, a Cerimônia no Ar se inicia.
Senchu Murano aponta em “O Manual do Budismo Nichiren” que pela primeira vez o Buda Shakyamuni é o convidado a entrar no estupa de tesouros, mas depois ele revela seu verdadeiro estado como Eterno Buda Shakyamuni no décimo sexto capítulo, e assim ele se torna o anfitrião e Muitos Tesouros o convidado. O Tathagata Muitos Tesouros e seu estupa retornam ao seu lugar de origem após a transmissão geral do Sutra do Lótus no capítulo vinte e dois, embora o bodhisattva Contemplador da Voz Mundial faça uma oferenda a ele e seu estupa no capítulo vinte e cinco.
O Tathagata Muitos Tesouros representa muitas coisas. Por um lado, ele representa todos os budas do passado, e sua certificação mostra que os ensinamentos do Buda Shakyamuni estão de acordo com a verdade universal, válida em todas as eras e em todos os mundos. Por outro lado, O Buda Shakyamuni personifica a sabedoria subjetiva, enquanto o Tathagata Muitos Tesouros personifica a realidade objetiva; quando eles compartilham assento dentro do estupa de tesouros eles estão na verdade demonstrando a unidade de sabedoria e realidade, subjetiva e objetiva. O aparecimento do estupa de tesouro e a certificação do Tathagata Muitos Tesouros também pode indicar o surgimento da iluminação dentro de nossas vidas e o nosso próprio reconhecimento da verdade, além de nossa reação ao Dharma quando o ouvimos.
*Tradução de texto do rev. Ryuei Shonin, retirado do livro “Lotus World, an illustrated guide to the Gohonzon” da Nichiren Shu América.
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Thomas says:
04/09/2017 at 9:59 pm -
Great post! Have nice day ! 🙂 ydruf