Por Reverendo Shinkai Oikawa, Litt. D.
Estudos nos tempos antigos eram aprendidos de cor
Embora Shakyamuni quisesse escapar de um mundo tão caótico, ele não conseguiu evitar de praticar artes marciais tais como arco e flecha e luta livre. Certamente ele também estudou. Quanto aos estudos, eles não tinham nem letras nem Sutras escritos naquela época. Portanto, o que eles tinham que fazer era aprender tudo de cor para assimilar conhecimento.
As letras apareceram nos tempos do Imperador Asoka, por volta de 300 A.C. Sabemos disso porque existem os éditos da rocha de Asoka que compõem uma coleção de inscrições esculpidas em uma rocha natural. Ainda restam 17 ou 18 desses éditos na Índia. Os pesquisadores provaram que essas letras são dos tempos do Rei Asoka, cerca de 300 A.C. Mas não podem ser chamadas de letras porque são muito simples e elementares.
Há 2.000 anos atrás, no começo da Era Cristã, as letras comuns apareceram na Índia. Então, os sutras começaram a ser escritos. As letras indianas são fonogramas que expressam apenas sons, não são ideogramas como os caracteres chineses que expressam significados de suas próprias formas.
Nos tempos antigos todos os sutras eram memorizados e as pessoas relutavam em escrevê-los porque não seriam memorizados se escritos em letras ou caracteres. As pessoas se empenhavam arduamente para memorizar os sutras porque não havia letras ou caracteres. Atualmente não tentamos memorizar palavras ou caracteres porque temos computadores pessoais. A conveniência nos torna a todos uns degenerados.
Os sutras foram escritos em letras há 2.000 anos atrás. Uma vez que os sutras foram escritos, as pessoas não tentaram memorizá-los, mas elas os memorizavam muito antes. Inicialmente, elas insistiram que nunca escreveriam sutras. Mas os sutras foram escritos por fim, porque as pessoas que se lembravam dos sutras estavam morrendo. Isto é uma verdade absoluta.
Houve uma epidemia nos tempos antigos e muitas pessoas morreram ao mesmo tempo porque a medicina não era altamente desenvolvida. Há muitos registros apontando que 2.000 ou 3.000 pessoas morreram por causa de uma epidemia. Elas não tiveram meios de se proteger contra esse desastre.
Somente pessoas vivas podem aprender algo de cor. Quase todas as pessoas morreram e ninguém conseguiu memorizar nada, mas os ensinamentos budistas tinham que sobreviver inclusive através dos manuscritos. Portanto, as pessoas começaram a escrever sutras com este propósito. No começo, elas não estavam dispostas a escrever sutras, mas foram obrigadas a escrevê-los porque não havia outra opção.
Nós já degeneramos tanto que mal conseguimos ler os sutras escritos. Os seres humanos continuam se degradando aos poucos. Se não usamos nossos cérebros, nos tornamos senis facilmente e tenho medo disso. As pessoas usavam seu cérebro com afinco nos tempos antigos. Eu tenho um bom exemplo. Vocês conhecem os termos tais como mestres da Rota da Seda e do Tripitaka, não conhecem? Dizem que eles transportaram muitos sutras budistas nos dorsos de camelos numa longa viagem da Índia até a China enfrentando muitas dificuldades. No caso de Hsuan-chuang (Genjo Sanzo), ele levou 16 anos para ir até a Índia e retornar. É uma jornada extremamente longa, não é? Hoje em dia podemos viajar de avião até a Índia e estar de volta no dia seguinte. Porém, naquela época, levava-se dezesseis anos para chegar até lá e retornar. E mais, com peças de bagagem, vocês não acham que era muito problemático e doloroso?
Na realidade, contudo, não foi realmente assim. Eles não tiveram muita dificuldade. O que eles fizeram, então? Eles memorizaram tudo. Na verdade, eles memorizaram o que era necessário para eles e retornaram sem bagagem pesada. De fato, existem muitos exemplos do gênero. Houve alguns problemas certamente. Às vezes, eles se esqueciam de algo importante a caminho de casa. Isto também é verdade.
Um exemplo é um sutra no “Shin-kokuyaku-daizo-kyo” (A Nova Tradução Japonesa de Todas as Escrituras Budistas) que traduzi. Não há uma segunda metade do sutra. Está escrito na última página, “Eu não consigo lembrar de mais nada”. Em seguida está escrito, “Pessoas virão uma atrás da outra depois de mim trazendo este mesmo sutra. Por favor, acrescente a este, então”. Em outras palavras, afirma-se, “Eu trouxe o sutra em minha memória”.
Os cérebros humanos são tão excelentes quanto este exemplo. Eles são maravilhosos. Por exemplo, um pianista toca o piano sem uma partitura musical. Nós facilmente nos perguntamos como um pianista consegue tocar dessa maneira. Mas é bem possível. Todos vocês têm esse potencial desde que nasceram. Espero que vocês façam o seu melhor.
Shakyamuni saindo de casa
Quanto aos estudos de Shakyamuni, podemos presumir que ele estudou muita coisa até os 20 anos de idade, porque os indianos estudam até seus 20 anos de idade.
Após completar seus estudos, Shakyamuni se casou com a Princesa Yasodhara, de um país vizinho, com quem teve um filho chamado Rahula. No entanto, ele os deixou e se tornou sacerdote. Embora pareça bom ser um sacerdote, em poucas palavras, ele fugiu de casa.
Shakyamuni abandonou sua esposa, filho, pais e o trono e saiu de casa com 29 anos de idade. Não posso explicar como, mas posso facilmente deduzir que ele azedou seu relacionamento com todos os membros da sua família. Por que ele fugiu da sua família, os deixou tristes e se tornou um sacerdote?
É fácil entender o porquê se dissermos que ele buscou a iluminação espiritual. Desconfio que ele estava insatisfeito de viver no conforto do seu palácio real e temia degenerar completamente em breve, caso ele continuasse a levar uma vida tão luxuosa. Eu acho que ele pensou bastante nisso. De qualquer modo, ele deve ter se questionado o que eram os seres humanos, e se era adequado ou não que ele estivesse vivendo com conforto para salvar os idosos, os doentes, os falecidos e as pessoas com problemas vivendo nas cidades. Tais pensamentos podem tê-lo impulsionado a fugir de casa. Este é o ponto de partida da religião.
No entanto, é uma decisão drástica para qualquer pessoa que se tornar um sacerdote, ter que abandonar sua família. Shakyamuni tomou essa decisão tão drástica com 29 anos de idade. Até então ele usava roupas vistosas, tinha três palácios para morar no verão, inverno e na estação das chuvas e dispunha de súditas ao seu redor para atendê-lo. E podemos supor que ele teve três esposas, incluindo a bem conhecida Yasodhara. Ele levava uma vida muito feliz. E de repente, num dia qualquer, tudo mudou.
Shakyamuni deixou o palácio montado em seu cavalo favorito chamado Kanthaka, atravessou o rio Anoma na fronteira do estado, raspou seu próprio cabelo, tirou suas roupas vistosas, vestiu roupas surradas de um caçador, isto é, trapos usados para vagar pela floresta e se colocou a caminho para realizar práticas ascéticas com o mínimo de pertences pessoais. Quanto ao mínimo de pertences pessoais, há oito itens para um sacerdote: três peças de mantos ou três mantos, ou seja, um manto exterior, um manto médio e uma túnica. Tem ainda uma tigela de esmolas, um cinto e uma navalha para raspar a cabeça. O sétimo item consiste em agulhas e fios para costurar. O oitavo item é um coador de água para filtrar a água do rio lamacento antes de beber. Estas são as oito peças de pertences pessoais de um sacerdote. Shakyamuni iniciou seu caminho de práticas ascéticas com elas.
Práticas de Shakyamuni: meditação e asceticismo
Em seguida, Shakyamuni procurou por professores para começar sua vida ascética. Onde estavam os professores? Eles estavam onde eles poderiam viver confortavelmente, ou seja, na capital de um grande estado. A cidade da capital de Kosala, o estado nas proximidades, era Sravasti. Embora houvesse muitos professores lá, a cidade ficava próxima de Kapilavastu situada a 60 km de distância. Mas ele também não permaneceu em Sravasti, porque ele ouviu rumores que havia muitos professores que não inspiravam confiança por lá.
De acordo com os rumores de que os professores mais idôneos estavam em Rajagrha, a 600 km de distância, Shakyamuni seguiu para lá e iniciou as práticas sob orientação de dois professores. Ocorreu então o seguinte episódio: quando Shakyamuni estava esmolando em Rajagrha, o Rei Bimbisara o observava a distância. O rei ordenou a seus serventes que acompanhassem aquele sacerdote respeitável que estava esmolando. Shakyamuni subiu uma colina chamada Vepra e descansou. O rei se apressou para ir até ele e perguntou, “Quem é você?” Shakyamuni respondeu, “Eu era um príncipe de um estado no sopé das Montanhas do Himalaia, a 600 km de distância, e vim como um sacerdote em busca da verdade”. O rei disse, “Eu o entendo. Eu fui atraído por sua aparência pessoal, vestes e figura graciosa. Você reinaria no meu reino junto comigo?”
Shakyamuni recusou a proposta e disse, “Eu não vim aqui para tal propósito. Abandonei meu estado, pais, esposa e filho antes de vir aqui em busca da verdade. Eu decidi estudar muito com professores para alcançar a iluminação espiritual”. O Rei Bimbisara entendeu o que ele quis dizer e perdeu sua esperança. Ele disse, “Sim, entendo suas intenções. Quero que você venha e me aponte o caminho assim que você ficar espiritualmente iluminado e se tornar um Buda.”. Em seguida, ambos partiram.
Este foi o primeiro encontro entre o respeitável rei chamado Bimbisara do grande reino de Magadha e Buda Shakyamuni. Desde então, estes dois grandes homens mantiveram boas relações entre si. Acho que Shakyamuni era tão excelente e atraente que o rei o respeitou à primeira vista.
Shakyamuni estudou “concentração meditativa” ou “dhyana” com dois professores em Rajagrha. Ele treinou em tais práticas quando se sentou, acalmou-se e contemplou profundamente. Embora ele tenha feito quase a mesma prática de Zazen dos sacerdotes do Zen, isto é, meditação sentada de pernas cruzadas, ele ficou insatisfeito.
Zazen pacifica nossa mente, mas não podemos manter Zazen por muito tempo. Devemos sair da meditação porque morreremos se não a pararmos. Sempre que comemos ou vamos ao toilette, saímos da meditação. É inevitável que retornemos ao estado dos seres humanos comuns se saímos da meditação. Enquanto em meditação, mantemos um bom estado mental. Por outro lado, fora da meditação, ao caminharmos pela rua, queremos comer costeletas de porco fritas em um restaurante e beber saquê ou cerveja em um bar que oferece frango no espeto. Facilmente retornamos ao estado dos seres humanos comuns.
Shakyamuni parece ter concluído que Zazen não era nenhuma verdadeira proeza da iluminação espiritual. Então, ele se despediu e deixou os dois professores. Ele concluiu que não precisava de professores e devia praticar sozinho.
Shakyamuni iniciou o asceticismo sozinho. Isto é, infligir dor a si mesmo até o limite. A razão para ele fazer isso foi que ele considerou que os seres humanos tinham mentes e corpos e que suas mentes não resistiriam a se tornar impuras. Os homens não podem ver uma mulher charmosa sem serem despertados inconscientemente. Nós tendemos a ser atraídos sem saber para um restaurante de enguias ao passar por este. Nossas mentes facilmente se tornam instáveis. Isto é causado pelo nosso corpo. Portanto, ele achava que nossa mente não seria influenciada por nosso corpo se infligíssemos muita dor a ela e enfraquecêssemos os poderes físicos. Ele praticava asceticismo para este propósito. Isto foi um grande experimento. Ele manteve o asceticismo por seis anos.
Existem muitas formas de asceticismo. Uma delas é jejuar, não comer nada. Tentar comer menos e menos ou tentar não comer nada por uma semana ou dez dias. Ficamos totalmente exaustos dessa maneira. Podemos nos sentir purgados do estresse depois do jejum? Não, de jeito nenhum. Shakyamuni, portanto, diz ser inútil. Esta é a conclusão dele depois de muitas experiências.
O que ele fez em seguida foi parar de respirar. Isto também é insuportável. No entanto, ele tentou fazer isso porque queria infligir o máximo de dor física possível a si mesmo. Deduzo que ele desmaiou, ficou dolorido e inconsciente como se estivesse morto. E mais, como ele achou que não deveria abrir sua boca, ele a fechou completamente para que não conseguisse respirar. O que aconteceu então? Dizem que o ar entrava pelos seus ouvidos. Nós achamos que é incrível. Ouvidos captam somente sons, não captam? Mas está escrito assim nos livros antigos.
Como o ar entrava pelos seus ouvidos, os ouvidos também foram fechados. Os livros antigos dizem que o ar circulava dentro do corpo dele procurando por uma saída. Não sabemos se isto é ou não verdade. Dizem que sim. De qualquer modo, ele infligiu muita dor no seu corpo, parando de respirar. Ele estava fazendo isto por seis anos. Como resultado, diz-se que a pele do estômago dele grudou na pele das costas. Certamente que é impossível. Pode-se dizer que foi tão terrível quanto isso.
Há uma estátua chamada o “Siddartha em Jejum” no Museu Lahore no Paquistão. Quando eu visitei o museu, sua porta estava fechada. Eu perguntei ao guarda, “Como eu vim do Japão, você poderia me permitir ver a estátua?” O guarda me respondeu, “Não, hoje é sexta-feira, o dia do jejum. Eu não posso permitir que você veja o “Siddartha em Jejum” no meio do período de jejum. Para meu desapontamento fui obrigado a desistir de ver a estátua.
Como esta estátua, o “Siddartha em Jejum” é muito famosa, nós podemos vê-la em muitos livros. Todas as suas veias aparecem. Seus olhos estão afundados como se fossem cavernas. Não podemos distinguir entre seus braços e ossos na estátua. Estes eram experimentos para verificar se era possível ou não sustentar sua mente vívida e pura jejuando, parando de respirar e infligindo dor ao seu corpo completamente. Ele parou os experimentos depois de seis anos de práticas, porque não conseguiu atingir o objetivo desejado.
O que ele fez a seguir? Ele se alimentou. É muito simples. Não conseguimos viver sem comer. Depois que ele deixou o lugar de asceticismo, ele foi até o famoso rio Nairanjana e se lavou depois de seis anos de asceticismo. Ele recebeu uma tigela de mingau de uma menina chamada Sujahta e recuperou sua força. Após sua recuperação, ele entrou em um bosque de Budagaya (antigo nome: Gaya) sentou-se em meditação e decidiu não se levantar até alcançar a iluminação espiritual.
Tentações doces dos demônios
Dizem que o lugar onde Shakyamuni se sentou ficava sob uma grande árvore chamada “A Árvore Bodhi” em Budagaya. Bodhi (bodai) significa adquirir a sabedoria da iluminação do Buda. Este lugar memorável onde Shakyamuni alcançou a iluminação (alcançou o Estado Budico) ainda existe. Não demorou uma noite. Ele conseguiu em um instante se tornar um Buda (homem iluminado).
Shakyamuni saiu de casa com vinte nove anos de idade, se comprometeu com práticas ascéticas tais como jejuar e parar de respirar até que ele conseguiu cessar sua respiração. Comeu uma tigela de mingau e outros alimentos, recuperou suas forças e alcançou a iluminação sob a árvore Bodhi aos 35 anos de idade. Embora o nome da árvore fosse asvatha, passou a ser chamada de árvore Bodhi, porque Shakyamuni se tornou um Buda sob ela.
Praticando asceticismo e ficando iluminado, ele sofreu muito física e mentalmente. Então, nos perguntamos como ele conseguiu manter sua força física. Supomos que ele lutou dia e noite contra tentações para desistir. Às vezes, ele queria parar de jejuar e se alimentar, mas no momento seguinte, ele queria continuar jejuando. Foi uma guerra contra seus próprios desejos. Isto é extremamente terrível.
Muitos demônios aparecem nos sutras antigos para explicar esta guerra contra os desejos sem explicá-los diretamente. Está escrito nos sutras que demônios foram até ele e tentaram dizer docemente, “Pare de fazer essas coisas estúpidas. Isto é mais apreciável. Isto é mais delicioso. Isto é mais bonito”. Em algumas ocasiões os demônios apareceram sorrindo como mulheres encantadoras, em outras com muitos tipos de comidas deliciosas. Os demônios nunca o ameaçaram, mas foram muito bondosos. Eles nunca foram assustadores, mas carinhosos. Eles tentavam com ternura.
Shakyamuni lutou contra estes demônios por seis anos. Foi extremamente difícil. Eles nunca desistiram mesmo quando Shakyamuni estava para ser iluminado. É ofício dos demônios fazer as pessoas infelizes. Quanto mais infelizes as pessoas se tornam, mais clientes eles ganham. Os demônios não terão clientes quando Shakyamuni alcança a iluminação e deixa todas as pessoas felizes. Este é o problema sério deles. Todas as pessoas vão com Shakyamuni e eles ficam sem atividade.
Há um sutra budista mais antigo chamado “Sutta-nipata” que narra como os demônios se aproximaram de Shakyamuni. Um demônio disse, “Olá, você está praticando asceticismo duramente. Mas você parece pálido! Como você está se sentindo? Você vai morrer em breve, certo? Era absolutamente verdade. Shakyamuni estava praticando jejum e parando de respirar, logo, ele estava perdendo rapidamente sua vitalidade.
“Você parece estar 99% morto. Resta somente 1% da sua vida” disse o demônio. “Mas a vida é realmente boa. Você deve viver”. Nós tendemos a achar que é o certo, não é mesmo? Ele continuou, “Seremos felizes se vivermos. Viver não é ruim nem difícil, mas muito bom. Continue a viver. Que tipos de coisas boas existem? Ele explicou, “Viva, venere e faça oferecimentos aos deuses e eles nunca deixarão de levá-lo aos céus. Você não precisa se esforçar sozinho”.
“É muito difícil para você parar de respirar e jejuar, não é? Pois pare. Pare! É melhor você viver.” Está escrito nos sutras que o demônio ficou ao lado de Shakyamuni sussurrando assim. O demônio insistiu na tentação deixando Shakyamuni em dúvida se ele deveria ou não parar.
Apesar da tentação do demônio, Shakyamuni se ergueu dizendo, “Eu não cedo à sua doce tentação. Vou continuar com o asceticismo em busca do estado puro da minha mente. Vou até o fim mesmo se meu sangue secar. Quanto a você demônio, entendi que você revelou sua real intenção. Seu primeiro exército é o desejo”.
Todos os seres humanos têm seus próprios desejos. Em primeiro lugar, desejamos viver a todo custo. Todo mundo pensa assim. E mais, temos desejos de comer comida, fazer amor quando jovem, obter uma boa posição social e enriquecer. Esta é a primeira arma dos demônios. Estamos sempre expostos a armas perigosas. Então digo que o primeiro exército é o desejo. Depois vem a fome, a sede e o sono. Os seres humanos não conseguem viver sem dormir. Então o sono é uma das mais importantes tentações dos demônios. Além disso, duvidamos. Não podemos acreditar facilmente no que alguém diz. Isto é a dúvida. Não podemos fugir da dúvida.
Outro artifício dos demônios é a hipocrisia, que significa fingir querer fazer algo de bom. Os demônios balançam honra e fortuna diante de nós. Facilmente cedemos a eles. A tentação de obtermos um grande lucro é também seu artifício. As pessoas comuns gostam de ser elogiadas, mas falam mal dos outros. Nos sentimos bem se elogiados, mas é difícil elogiar os outros. Todos nós temos essa “verdadeira natureza” que também é um artifício do demônio. Após identificar estas doces tentações, Shakyamuni declarou, “Nunca serei derrotado por estes desejos”.
Os demônios se aproximaram de Shakyamuni na cena final da sua iluminação para impedi-lo de alcançar o Estado Búdico. Nos museus de arte na Índia ainda restam muitas esculturas antigas que mostram as cenas da iluminação do Buda. Há cenas mostrando os ataques dos demônios e as tentações de mulheres expondo seus seios grandes. Os demônios tentaram muitas maneiras de impedi-lo de alcançar a iluminação. Mas Shakyamuni nunca se moveria debaixo da árvore Bodhi até a sua iluminação. Ele sabia que colocaria tudo a perder caso ele se movesse. No final, ele derrotou os demônios que recuaram dizendo, “Rondamos Shakyamuni por sete anos, tentando-o em vão. Foi impossível tentá-lo. Não tivemos qualquer chance. Os demônios se afastaram dele extremamente frustrados.
Consta que um demônio desapareceu sem notar que deixou cair sua preciosa biwa ou alaúde japonês. Biwa é um instrumento musical japonês, incluindo Heike biwa e Satsuma biwa, chamada “vina” na língua indiana. No Japão, trazida da Índia via China e Coreia, passou a ser chamada de “biwa”.
Sob estas circunstâncias, Shakyamuni alcançou a iluminação depois que ele se livrou completamente dos demônios. Isto conclui a palestra de hoje. Eu gostaria de abordar o conteúdo da sua iluminação no próximo encontro. Vou contar-lhes que tipo de poderes Shakyamuni obteve e que tipo de pessoas ele salvou através de seus poderes divinos, pregando por toda Índia durante 45 anos.
(*) Artigos publicados no Nichiren Shu News em fevereiro, abril e junho de 2008 e traduzidos pela equipe de tradução da Nichiren Shu Brasil em junho de 2019.
free vector
No Comments to "A Vida de Buda Shakyamuni – Parte II"