A recitação como oração e iluminação
Muitas pessoas tem expressado alguma confusão e interesse sobre recitar “por coisas” . Algumas pessoas parecem olhar a prática do Odaimoku (NaMu MyoHo RenGe Kyo) como uma maneira de rezar para o Universo ou para o Buda Eterno, ou talvez como um forma mágica de se conectar a uma força impessoal e externa que pode garantir desejos. Outros podem ver a prática como superstição ou auto-serventia. Outros podem ainda ir tão longe e insistir que deveriam recitar apenas para a paz mundial ou apenas para obter finalidades espirituais como atingir a iluminação. Alguns podem até sugerir que deveriam não ter nada em mente a não ser o próprio Odaimoku. Gostaria de expor um Caminho do Meio compartilhando minhas próprias reflexões no que nossa mente deveria estar fazendo quando estamos sentados diante do Gohonzon e do Buda, recitando o Odaimoku.
Para começar, na linhagem de Nichiren Shonin, o ato de recitar ou até mesmo a meditação silenciosa em conjunto com a reflexão sobre o Odaimoku pode nos ajudar a manter nosso equilíbrio no meio de fortes paixões e desejos e direcionar as nossas mentes para atingir a natureza búdica pelo bem de todos os seres existentes. Por último, a presença do Odaimoku age como uma causa para transformar de forma positiva qualquer situação que estejamos enfrentando e ao mesmo tempo nos ajuda a refletir sobre nós mesmos sob a luz dos ensinamentos do Buda (Buda Dharma).
Nós não devemos nos culpar pelos nossos desejos, agressões, cobiça, hostilidade, indiferença, agitação,, dúvida e outros tipos de sentimentos. Estas aflições ou contaminações, como são chamadas no budismo, são na verdade forças mal compreendidas e mal orientadas, que nos trouxeram à vida que vivemos e que nos proverão a energia e a motivação que precisamos para atingir a natureza búdica. Isto não quer dizer que nós devemos nos entregar a estas forças mais do que rejeitá-las. Nós devemos, entretanto, dar a estas forças um momento de atenção para que assim, entendendo-as, possamos trabalhar com elas de uma maneira mais habilidosa por meio da nossa prática do Odaimoku.
Nós temos muitos problemas difíceis em nossas vidas e ao longo dela também temos fortes pensamentos positivos e negativos. A melhor coisa que podemos fazer para os outros e para nós mesmos é recitar sobre estes problemas durante a nossa prática e de uma maneira sincera sempre que estes pensamentos surjam ao longo do dia. Desta maneira, nós abraçamos estes problemas e sentimentos direcionando-os ao Odaimoku, convidando assim o conhecimento e a compaixão do Buda nas situações da vida atual em que estamos enfrentando. Nós não devemos recitar para resultados externos. Basta apenas recitar com a intenção de que todas as coisas podem ser resolvidas por meio da sabedoria e compaixão do Buda que se abrem em nossa vida através da nossa fé e do Maravilhoso Dharma.
As vezes nos deparamos recitando para expressar nossos agradecimentos por algo que ocorreu bem em nossas vidas, talvez achando que ocorreu melhor do que nós planejamos. Ou, nos encontramos recitando em arrependimento ou até mesmo remorso por algo que fizemos ou que falhamos ao fazer. Ou há ainda, aquelas situações em que nos encontramos recitando para expressar ou fortalecer algo que fizemos. Nestes casos nós não estamos recitando para uma solução de um problema ou atingir um objetivo, mas ao invés disto nós damos voz através do Odaimoku para profundos sentimentos que vivenciamos e precisamos expressar, apenas para nós mesmos ou para o mandala Gohonzon (porém, precisamos entende-lo melhor).
Além de falar sobre recitar por desejos e problemas pessoais, também precisamos falar sobre recitar o Odaimoku como uma maneira de gerar e emanar amor e gentileza, compaixão, simpatia e equanimidade. Frequentemente, nossa recitação pode ser uma forma de querer bem a todos as outras pessoas e criaturas. Nós recitamos pela felicidade e pelo bem estar de todos em nossa vida, nós recitamos para que eles sejam livres do sofrimento, nós recitamos como uma espécie de satisfação quando coisas boas acontecem com eles, e nós recitamos com o desejo de que todos os seres sem exceção vivam em paz e harmonia. De fato, no Budismo é esperado que primeiro seja gerado este sentimento positivo em relação a si mesmo naturalmente, e assim aprender a propagar amor, gentileza, compaixão, simpatia e equanimidade aos familiares, amigos, colegas de trabalho, estranhos e até mesmo aqueles de que não gostamos e que estão em desacordo conosco. Isso pode ser uma forma muito poderosa de prática e pode ajudar-nos a acessar o cuidado altruísta e compaixão de nossa natureza búdica.
Entretanto, devemos falar ainda de um outro ponto quando nós recitamos por todas estas coisas e nossa mente tenha se tornado mais direcionada. Nós podemos apenas confiar todas estas coisas ao Gohonzon, para toda a sabedoria abrangente e abraçar com compaixão o Buda Eterno (descrito no Sutra de Lótus) que não está em outro lugar que em nossa luz interior (natureza búdica). Nós não temos que forçar isto. Ao invés, nós deveríamos dizer de forma mais apropriada que nossa mente pode revelar esta forma naturalmente através da prática, recitando tendo em mente todas estas coisas e assim deixar que aconteça. Então nós podemos verdadeiramente habitar e nos manter no Odaimoku e deixa-lo falar por nós. Desta maneira, nos encontraremos calmos e centrados, capazes de ouvir com a sabedoria de nossas vidas. Na verdade, vivenciar a calma, quietude e o silêncio de tudo e do Odaimoku pode ser uma poderosa e esclarecedora experiência.
Recitar, ou até mesmo habitar e nos manter pacificamente no Odaimoku, entretanto, não é suficiente. Se nós gastamos apenas uma hora ou até um dia com o Odaimoku mas gastamos nossas outras horas cuidando de preocupações, medos, desejos, vinganças, etc. ou até pior, agir com esses sentimentos, então nós estamos mostrando que nossa confiança é realmente apenas investida em nossa limitada perspectiva e não no Maravilhoso Dharma. O Odaimoku pode se tornar vivo em nós quando se torna nossa principal motivação e perspectiva, e quando nós mostramos nossa fé e confiança através de nossas ações. Seguir adiante através dos nossos pensamentos, palavras e atos, instante a instante, é o que é preciso para fazer com que nossa fé seja verdadeira no Odaimoku. Mesmo que erremos, devemos apenas reconhecer os nossos erros e transforma-los novamente e insistentemente ao Odaimoku até que ele se torne parte de todos os momentos e tome o lugar central de nossa vida.
Tradução livre do texto: Chanting and Desire
Escrito pelo Rev. Ryuei Michael McCormick da Nichiren Shu
Marlon says:
22/08/2015 at 10:10 pm -
Pensamento do dia: O Daimoku
Recito todos os dias, O Daimoku e a sensação é que não obterei resposta alguma do caminho do meio, mas de uma coisa tenho certeza, de que O Daimoku nos deixa mais otimistas. Recito apenas O Daimoku para a proteção,felicidade e saúde de meus filhos. Não peço nada para a minha pessoa, mas peço para a minha descendência, para que eles tenham, não só a proteção,felicidade e saúde, mas para um benefício maior e prosperidade pelo qual não obtive.
Mesmo, não tendo resposta de minhas recitações, continuo a Recitar com o propósito de pedir proteção,felicidade e saúde ao Grande Gohonzon em prol de meus filhos. Hoje, prefiro que o Gohonzon leve a minha vida, mas em prol da proteção,felicidade e saúde de meus filhos e termino o meu comentário recitando o “Nam Myoho Rengue Kyô, Nam Myoho Rengue Kyô, Nam Myoho Rengue Kyô.
Att. Marlon da Silveira Fonseca.
rudy says:
22/11/2015 at 10:48 pm -
Mas recitar em prol dos seus filhos não é recitar por você de uma maneira indireta? Estenda essas intenções =D
Wafik says:
02/03/2016 at 6:53 am -
Yes, chanting and my Buddhist pacctire helped me to stay positive and hopeful during the toughest times. It’s helped me to stay positive, especially when the voices are so incredibly negative, and to find meaning in my experiences. Chanting Nam Myoho Renge Kyo isn’t the only thing that has helped me, however. I also have an incredibly loving and supportive husband and family, and have received mental health care for the past ten years. All these factors were crucial in enabling me to improve my life.
Adnaan says:
02/03/2016 at 7:07 am -
Thanks for these wonderful rematmendocions! I repeat..Thay, my hero!!! And may I add After the ecstasy the laundry’ by Jack Kornfield and When things fall apart’ by Pema Chodron. Both very down to earth and at times humorous books by westerners immersed in different traditions of Buddhism.