Nikko Shonin foi um dos Seis Discípulos Sêniores de Nichiren Shonin, a quem serviu de perto e fez um trabalho magnífico como seu braço direito. Eu gostaria de abordar a vida e a fé religiosa de Nikko rastreando seus passos e apresentando templos e tesouros ligados a ele.

Por Reverendo Shincho Mochizuki, Professor Ph.D., Universidade de Minobusan

A Vida de Nikko Shonin

 Nascimento: Nikko nasceu em Kajikazawa, Província de Kai (presente Kajikazawacho, Prefeitura de Yamanashi), em 06 de março de 1246 conforme o calendário lunar (isto também se aplica aos casos seguintes). Existem atualmente monumentos de pedra, em memória do nascimento e vida de Nikko, erguidos no Templo Rengeji em Kajikazawa. Próximo ao Templo Renkyuji fala-se que existe um poço onde Nikko teve seu primeiro banho como um bebê recém-nascido.

O pai de Nikko era um samurai de Oinosho, que morou originariamente na Província de Totoumi antes de se mudar para a Província de Kai. Sua mãe era uma filha da família Yui em Fujikawai (presente Shibakawacho, Prefeitura de Shizuoka) e ela teria mais de dois irmãos. O pai de Nikko faleceu quando ele era muito jovem e sua mãe se casou novamente entrando para a família Tsunashima na Província de Musashi. Nikko foi então levado para a família Yui em Fujikawai e encaminhado para o Templo Shijukuin em Kambara na sua primeira infância.

Educação: Embora existam quatro lugares onde dizem que se localizava o Templo Shijukuin, há um lugar chamado Shijukuin, que existe até hoje em Iwabuchi, Fujikawacho. Por isso, este lugar é considerado como o mais provável. Nikko aprendeu a ler e escrever em kana (silabário japonês) e kanji (caracteres chineses) e estudou Confucionismo e cultura clássica japonesa no Templo Shijukuin. Ele também aprendeu caracteres chineses, caligrafia e a arte de compor poesia tanka em Suzu (presente Cidade de Fuji). Nos seus últimos anos de vida sua caligrafia revela graciosidade na sua maneira metódica, grandeza e brilho de escrever em seu Mandala Honzon, porque ele aprendeu a caligrafia da família Reizei. Mais tarde, ele foi para o Templo Jissoji em Iwamoto (Cidade de Fuji) estudar Budismo, incluindo as doutrinas de Tendai e Shingon.

Naquele período o Templo Jissoji era um grande templo da Escola Tendai que estava ministrando estudos aprofundados do Budismo além de sua doutrina sectária. Em 1257 Nichiren entrou na biblioteca do Templo Jissoji, que possuía um conjunto completo de escrituras budistas, e leu muitas delas a procura das causas dos grandes terremotos ocorridos naquela época. Mais tarde, Nichiren escreveu o “Rissho Ankoku-ron (Tratado sobre a Propagação da Paz pelo País Através do Estabelecimento do Dharma Verdadeiro)” baseado neste estudo. Nikko foi aceito como um discípulo por Nichiren num dia em ele estava compenetrado nos estudos na biblioteca. Nichiren o aceitou como discípulo porque teve uma percepção profunda do caráter excelente de Nikko, mesmo ele sendo muito jovem, esperando que ele se tornasse um futuro líder entre seus discípulos. Embora Nikko se chamasse Hokibo, ele foi avisado que Nichiren lhe daria o novo nome de Nikko, e ele usou os nomes Nikko, Hokibo e Byakuren Ajari desde então até o falecimento de Nichiren.

 Serviço de Revezamento pelos Seis Discípulos Sêniores: Os principais discípulos e seguidores estavam reunidos e os Seis Discípulos Sêniores (Nissho, Nichiro, Nikko, Niko, Nitcho, Nichiji) foram selecionados em 8 de outubro de 1282 por causa da doença crítica de Nichiren. Algumas pessoas os chamavam de discípulos diretos de Nichiren naquela época. Estes seis discípulos foram selecionados para manter a ordem entre os seguidores de Nichiren como um corpo religioso. Foi decidido que o túmulo de Nichiren seria salvaguardado em escala de revezamento principalmente pelos Seis Discípulos Sêniores. De acordo com o “Shuso Gosengo Kiroku” (Registro de Falecimento do Fundador) escrito por Nikko, que agora pertence ao Templo Hommonji em Nishiyama, os discípulos designados para o serviço de vigilância foram os seguintes: Nissho em janeiro, Nichiro em fevereiro, Echizen-ko e Nikken em março, Nitcho em abril, Nichiji em maio, Nichiben e Nisshu em junho, Iga-ko e Nichigo em julho, Nippo e Nichii em agosto, Nikko em setembro, Nichijitsu e Nichimoku em outubro, Niko em novembro e Nisshu e Nikke em dezembro. Muitos destes membros eram discípulos de Nikko e pessoas relacionadas com seus discípulos. Podemos dizer que quase todas as pessoas que se ofereceram para o revezamento no serviço de vigilância do túmulo de Nichiren estavam relacionados a Nikko.

Muitos dos discípulos a quem foram atribuídos serviços de revezamento dedicavam-se às suas próprias incumbências em muitas localidades, e sob tais circunstâncias, foi ficando pouco a pouco difícil para eles manter esse compromisso por causa das más condições de locomoção. Portanto, Nikko decidiu permanecer sempre em Minobu como sacerdote principal com a aprovação de Nambu (Hakii) Sanenaga, Nissho e Nichiro por volta do final de 1285. Niko veio para Minobu e se tornou o docente principal no ano seguinte. Entretanto, Nikko teve desavenças com Sanenaga devido à sua natureza muito rígida. Por outro lado, Niko tinha uma personalidade moderada e generosa. Enquanto a natureza de ambos sacerdotes mostrava suas características em muitos âmbitos das missões, os conflitos entre eles aumentavam progressivamente.

Túmulo de Nichiren Shonin no Monte Minobu

Três Meios de Difamar o Dharma Verdadeiro: Em pouco tempo Nikko apontou que Sanenaga cometeu o pecado de difamar o Dharma Verdadeiro pelas seguintes razões:

Ele produziu uma imagem do Buda em pé e tentou fazer desta imagem o Honzon.

Ele prestou homenagem em templos e santuários proibidos por Nichiren. Em especial, ele prestou homenagem no Grande Santuário de Mishima.

Ele realizou uma cerimônia memorial por um Pagoda Nembutsu em Fukushi no Distrito de Nambu.

Embora Sanenaga estivesse implorando a Nikko para permitir que ele produzisse uma imagem do Buda, Nikko rejeitou categoricamente a solicitação dele pelas razões das doutrinas de Nichiren. Mas Sanenaga não ficou satisfeito com a sua rejeição de modo algum.

O Grande Santuário de Mishima era venerado fervorosamente por famílias samurais desde Lorde Minamoto Yoritomo, e estava sob o patronato da família Hojo, a espinha dorsal do Shogunato Kamakura naquele período. A Província de Izu era o feudo do ramo principal da família Hojo. Além disso, o Santuário Mishima era onde o Lorde Yoritomo jurou que faria o seu regresso. Portanto, entre os comandantes militares servindo o Shogunato Kamakura era costume prestar homenagem neste santuário e acredita-se que Sanenaga simplesmente seguiu tal costume.

Quando um monumento da associação religiosa de Fuji foi erguido em Fukushi (presente Mambucho, Prefeitura de Yamanashi) no feudo de Sanenaga, ele realizou uma cerimônia memorial e assinou o livro do visitante. Embora fosse para Sanenaga uma mera ação política adotada para mostrar seu poder como um administrador patrimonial do Distrito de Nambu, de acordo com os ensinamentos de Nichiren, não era menos ação do que um serviço para os difamadores do Dharma Verdadeiro.

Convencido que era dever de um discípulo de Nichiren pregar o ensinamento do Budismo Nichiren corretamente, não importando onde ele estivesse, Nikko decidiu deixar Minobu para trás. Mais tarde ele disse que deixou Minobu para estabelecer uma plataforma de ordenação em Fuji.

Espero que os leitores possam compreender seu caráter rígido e sua atitude religiosa sincera.

 

Nikko Shonin e Seus Discípulos e Seguidores

Deixando Minobu: Nikko Shonin foi para Minobu quando estava com 37 anos de idade. Ele esperava servir honestamente seu mestre, Nichiren Shonin, e devotar toda sua vida ajudando Nichiren sendo seu braço direito. No entanto, diz-se que Nikko deixou Minobu vários anos depois em dezembro de 1288. Muitas das razões para sua atitude foram especuladas em anos posteriores incluindo sua discórdia com Niko Shonin e Hakii (Nambu) Sanenaga. Por outro lado, as razões baseadas no material histórico de Nikko Shonin são:

  1. Estabelecer os Três Grandes Dharmas Secretos da seção essencial do Sutra do Lótus (o Honzon: O Único Mais Venerável, o Kaidan: plataforma dos preceitos e o Daimoku);
  2. Educar seus discípulos;
  3. Escrever sobre ensinamentos importantes, e;
  4. Concentrar na recitação do Sutra do Lótus e do Daimoku.

Educando discípulos: Nikko esperava estabelecer uma plataforma de preceitos como revelada na seção essencial do Sutra do Lótus e uma base para sua missão em Oishigahara, Fuji. Ele disse que visitou e ganhou apoio de Nanjo Tokimitsu, administrador patrimonial de Ueno, Província de Suruga, para estabelecer o Templo Shimonobo na Aldeia de Shimojo. Nikko também fundou o Templo Taisekiji em Oishigahara (Kamijo, Cidade de Fujinomiya, Prefeitura de Shizuoka) no décimo mês de 1290. Dizem que ele ganhou o apoio de Ishikawa Yoshitada, o administrador patrimonial de Kitayama, para estabelecer o Templo Hommonji (Kitayama, Cidade de Fujinomiya) em Omosu oito anos mais tarde em 1298, onde ele abriu um Dansho (Danrin) como uma instituição educacional para sacerdotes treinarem seus discípulos e seguidores. Ele lecionou para muitos estudantes, incluindo Nichimoku Shonin, muito perto do Monte Fuji e educou tais seguidores como a família Nanjo, a família Yui, a família Ishikawa, a família Nitta e a família Akiyama e discutiu com nobres da corte e famílias samurais.

Nikko encerrou sua carreira aos 88 anos no 7º dia do 2º mês de 1333. Quando ele faleceu, dizem que muitos dos seus discípulos e seguidores se engajaram em trabalho missionário em Shikoku (Samuki) e Kyushu, longe da Província de Suruga.

Trabalho Missionário em Suruga: Nikko começou a trabalhar como missionário nas Províncias de Kai e Suruga no final do 6º mês de 1274. Ele serviu honestamente a Nichiren e propagou o ensinamento do Sutra do Lótus em torno das localidades de Suruga. Os maiores pontos de apoio para sua propagação foram o Templo Jissoji (Cidade de Fuji, Prefeitura de Shizuoka) e o Templo Shijukuin. Nichiji Shonin, um dos Seis Discípulos Sêniores, como também Nichigen Shonin e Nichii Shonin, que eram Discípulos Juniores, que pertenciam ao Templo Shijukuian se tornaram discípulos de Nikko.

Havia um antigo templo da Escola Tendai chamado Templo Ryusenji em Atsuwarago, situado a quatro quilômetros ao leste do Templo Jissoji. Shimotsukebo, Echigobo, Mikawabo, Izumibo e Hyobubo, sacerdotes residentes no Templo Ryusenji, foram convertidos ao ensinamento de Nichiren por Nikko por volta do 6º mês de 1275. Nichiren lhes deu os seguintes nomes: Nisshu para Shimotsukebo, Nichiben para Echigobo e Nichizen para Shoubo. Eles eram sacerdotes eruditos da Escola Tendai que foram convertidos por Nikko. Como estes discípulos debateram sobre o ensinamento do Buda com Gyochi do Templo Ryusenji, suas vidas corriam perigo forçando alguns como Sammibo e Daishimbo a se afastarem das fileiras dos discípulos de Nikko.

Discípulos de Nikko: Nichigo Shonin escreveu a ordem de serviço do funeral de Nikko, seu mestre sacerdote, e os registros de atribuições conforme suas recordações. Por estes escritos, podemos notar que havia muitos discípulos de Nikko. Havia também muitos discípulos de Nikko entre aqueles de Nichiren. Foi decidido que o túmulo de Nichiren em Minobusan seria salvaguardado e mantida a escala de revezamento com os discípulos principais de Nichiren, os Seis Discípulos Sêniores e Discípulos Juniores, como membros principais. De acordo com o artigo do serviço de revezamento no “Shuso Gosenge Kiroku (Registro do Falecimento do Fundador)”, o registro integral do serviço fúnebre de Nichiren escrito por Nikko, ao todo 18 discípulos se ofereceram para servir em revezamento com um ou dois discípulos a cada mês do primeiro ao último mês. Muitos membros do serviço eram discípulos de Nikko. Do ponto de vista a nível nacional, podemos entender que os discípulos de Nikko ofereceram serviço de apoio por causa da sua vantagem de morarem próximos a Minobusan.

Em 1298, conforme o precedente estabelecido por Nichiren Shonin, Nikko selecionou seus seis discípulos no seu “Honzon Bunyo-cho” (Registro de Concessão dos Mais Veneráveis [Honzon]), ou seja, o catálogo dos Mais Veneráveis [Honzon] inscritos por Nikko que foram entregues aos seus sacerdotes e discípulos leigos. Ele selecionou Nikke (Jakunichibo, fundador do Templo Myorenji em Shimojo), Nichimoku (sucessor do Templo Taisekiji), Nisshu (ex-sacerdote do Templo Ryusenji), Nissen (propagador no distrito de Shikoku) e Nichijo (ex-discípulo de Nichimoku), como discípulos principais. Sessenta e sete nomes são listados como recebedores de seu Honzon: 28 sacerdotes, 14 camponeses masculinos, 7 mulheres leigas e 18 samurais. Dizem que 9 sacerdotes, Nichiji, Nichiben, Nippo, Nichiei, Nichii, Nichiden, Nikkyo, Higoko and Chikuzembo, deixaram a fileira de discípulos de Nikko depois de sua morte.

Mandala inscrita por Nikko Shonin mantida no Templo Sado Sesonji

Fiéis de Nikko: Nanjo Tokimitsu da Província de Suruga foi um dos primeiros seguidores de Nikko. A família Matsuno também passou a seguir Nikko por intermédio da esposa de Tokimitsu que era uma filha de Matsuno Rokurozaemin. Tokimitsu era um devoto fiel do Sutra do Lótus que serviu Nikko após a morte de Nichiren e doou-lhe um pedaço de terra em Oishigahara. Ishikawa Yoshisuke foi um administrador patrimonial de Omosu e marido da irmã mais velha de Tokimitsu. Ele foi um dos doadores do Miedo (um templo para consagrar a estátua de Nichiren). A esposa do sacerdote leigo Takashi Rokurobei de Fujikashima, Suruga, era uma tia de Nikko.  Dizem que o sacerdote leigo Nishiyama, residente em Nishiyama em Fujigun (Shibakawacho, Prefeitura de Shizuoka), era tio de Nikko. O irmão mais jovem de Nitta Shiro Nobutsuna era Nichimoku e o filho de seu irmão mais velho era Nichido. Akiyama Yasutada, que se mudou da Província de Kai para a Província de Sanuki, era também um dos apoiadores de Nikko. Assim a família Yui em Kawai, incluindo parentes consanguíneos de Nikko, passaram a seguir o ensinamento de Nichiren sob orientação de Nikko.

Dessa forma, muitos discípulos e seguidores de Nikko apoiaram a Ordem Budista de Nichiren perto de Minobusan e iam para Minobu o mais frequente possível para salvaguardar o túmulo de Nichiren. Nota-se que na história do Budismo Nichiren muitas pessoas se tornaram discípulos e seguidores de Nichiren através da orientação de Nikko.

 

Nikko “Monryu”, Templos e Tesouros

 Formação do Grupo de Nikko: O grupo de templos budistas que se originou de Nikko Shonin (1246-1333) é chamado Nikko Monryu (grupo) depois de seu fundador. É também chamado Fujikata ou Fuji Monzeki porque suas bases missionárias são o Templo Kitayama Hommonji, o Templo Taisekiji e outros no sopé do Monte Fuji e veio a ser chamado Fuji Monryu em anos posteriores de reconciliação. Nikko, um dos Seis Discípulos Sêniores de Nichiren Shonin, pretendeu reconciliar os discípulos de Nichiren após a morte do Fundador dando prioridade ao serviço de revezamento no Monte Minobu. No entanto, como mencionado antes, Nikko deixou Minobu por causa de sua discórdia com Niko Shonin e Nambu Sanenaga. Ele foi para a Província de Suruga e ativamente se engajou em trabalho missionário nas províncias de Kai, Sagami, Musashi e Izu. Ele formou os seus Seis Principais Discípulos (Nichimoku, Nikke, Nisshu, Nichizen, Nissen e Nichijo). Os Seis Novos Discípulos (Nichidai, Nitcho, Nichido, Nichimyo, Nichigo e Nichijo) apareceram no ano da morte de Nikko. Foram principalmente estes seis principais e os seis novos discípulos que desenvolveram a linhagem Nikko Monryu.

O Fuji Monryiu no período Edo constituiu o Shoretsu-ha que insistia que as seções Essencial e Teórica do Sutra do Lótus não eram iguais, em oposição ao Itchi-ha, que defendia a igualdade das duas seções. O Happon-ha (os atuais templos da Hokke-shu Hommonryu tais como Honjoji em Echigo-Sanjo, Kochoji em Suruga-Okanomiya, Jusenji em Kazusa-Washizu, Honryuji, Honzenji, Myorenji, e Honnoji em Kyoto, e Honkoji em Settsu-Amagasaki), Jimmonryu e Shimmonryu também eram Shoretsu-ha. Atualmente esses templos funcionam sob o nome de Koto-boen, com o Templo Kitayama Hommonji como templo sede, mantendo a tradição que começou com Nikko.

Templos ligados a Nikko: Existem cinco templos sedes do Nikko Monryu: o Templo Ueno Taisekiji (fundador: Nikko), o Templo Shimojo Myorenji (Nikke), o Templo Kitayana Hommonji (Nikko), o Templo Koizumi Kuonji (Nichigo) e o Templo Nishiyama Hommonji (Nichidai). Estes templos são chamados Fuji Gozan porque estão localizados no distrito de Fuji. Estes cinco templos, juntamente com o Templo Izu Jitsujoji (Nichizon), o Templo Hoda Myobonji (Nichigo), e o Templo Kyoto Yoboji (Nichizon) são chamados Hakkahonzan (os templos de oito principais da linhagem Nikko Monryu) como as bases do trabalho missionário do Fuji Monryu. Há um bom número de templos fundados por Nikko nas províncias de Suruga, Kai e Izu. Alguns templos fundados pelos discípulos de Nikko são ditos fundados por Nikko para demonstrar respeito ao seu mestre.

Estátua de Nichiren Shonin esculpida com ele ainda vivo, conservada no Templo Kitayama Honmonji

Nikko foi para Ueno em resposta a um pedido de Nanjo Tokimitsu e construiu ele próprio um eremitério em Oishigahara no decimo mês de 1290. Entretanto, ele se mudou para Omosu, pois Nikko gostava muito deste lugar, onde dois senhores feudais, Ishikawa Yoshitada e Nanjo Tokimitsu, lhe deram um pedaço de terra. Lá ele começou a construir em 1293 e completou três edificações em 1298 – o Salão Principal contendo o Daimandala de Nichiren, o Mieido contendo o Namamiei (estátua de Nichiren esculpida enquanto ele estava vivo) e o Suijakudo contendo as estátuas da Deusa Amaterasu e  do Grande Bodhisattva Hachiman com a cooperação do Hokke Koshu (grupos de fieis) residentes nos distritos de Ueno e Koizumi. Este templo possui uma placa de Templo Hokke Honmonji Kongen que representa as bases da Plataforma dos Preceitos da seção essencial do Sutra do Lótus que Nichiren Shonin almejou estabelecer. Nikko abriu o Omosu Dansho (uma escola para sacerdotes) para orientar seus seguidores e viveu por lá [em Omosu] tentando propagar o Daimoku durante 36 anos, até sua morte no sétimo dia do segundo mês de 1333, aos 88 ou talvez 87 anos de idade. É por isso que o Templo Honmonji é apelidado de o templo onde vive o espírito de Nikko.

Portão do Templo Kitayama Honmonji, aonde se lê “Honmonji Kongen”

 

Tesouros relativos a Nikko: “Shuso Gosenge Kiroku” (Registro do Falecimento do Fundador) é o registro integral do serviço fúnebre de Nichiren registrado por Nikko.  “Goimotsu Haibun-cho (Lista de Artigos Deixados por Nichiren Shonin) e Minobusan Shuban-cho” (Lista Mensal dos Sacerdotes Guardiões do Templo de Minobusan Kuonji) também foram escritos por Nikko. Estes são materiais valiosos que nos contam o desejo de Nichiren em seus últimos anos de vida. Devemos perceber que Nikko escreveu por Nichiren. Podemos notar muitas partes da caligrafia de Nikko nas cartas e registros de Nichiren relatando o desejo do Fundador em seus últimos anos de vida. Possivelmente Nikko sempre serviu a Nichiren como um secretário e se ocupou de contar aos discípulos e seguidores de Nichiren o desejo e pensamentos dele. Os materiais escritos de Nichiren por Nikko são tesouros valiosos que expressam a crença de Nichiren. A caligrafia de Nikko, no entanto, parece demostrar seu próprio caráter rigoroso.

Nikko escreveu “Ankokuron Mondo, Gojuengi, Kaimokusho Yomon” e outros. Embora seja confirmado que aproximadamente 300 exemplares de Gohonzon escritos por Nikko existem hoje, ele provavelmente escreveu e distribuiu muito mais Gohonzon para seus discípulos e seguidores. Parece que Nikko escreveu Gohonzon no estilo que Nichiren aprovou porque eles têm escrito “Nichiren Zaigohan”, ou “Gohan”, escrito embaixo do Daimoku. Ele parece ter reproduzido o Mandala consultando Nichiren como seu grande mestre porque ele escreveu “reproduzi isto” e “copiei isto” ao lado de sua assinatura. A existência de muitas reproduções de Mandala datada no 13º dia do 10º mês, demonstra que Nikko acreditava sinceramente em Nichiren como seu mestre. Existem exemplares de Gohonzon escritos durante aproximadamente 48 anos entre os seus 42 até 88 anos de idade. Ele continuou a escrever Gohonzon por meio século.

O Mandala Hozon é o elo que une seu escritor e seu receptor como Objeto de Veneração. Muitos dos Gohonzon foram danificados porque foram pendurados nos salões dos templos e em lugares importantes nas casas dos fiéis. Portanto, não existem muitos exemplares de Gohonzon escritos por Nikko, e muitas cópias do Gohonzon de Nikko impressos em blocos foram produzidos após sua morte para serem entregues aos fiéis.

Os tesouros citados de Nikko estão preservados com cuidado, principalmente nos templos ligados a ele. Em particular, Goreibo Okazeire-e Hoyo (um serviço para arejar os tesouros) é realizado no Templo Kitayama Honmonji em 13 de abril e no Templo Nishiyama Hommonji em 18 de abril anualmente e partes do Mandala Honzon e tesouros são abertos ao público. Podemos obter ensinamentos de Nikko olhando diretamente para esses tesouros. Podemos entender os ensinamentos de Nikko através dos seus escritos e da sua caligrafia, mesmo atualmente, 700 anos depois. Podemos também experienciar por nós mesmos o mundo religioso que Nikko presenciou, visitando os locais sagrados citados ligados a ele.

Os ensinamentos de Nikko foram transmitidos por seus discípulos e seguidores e ainda hoje permanecem vivos e eficazes nos templos da linhagem Nikko Monryu como pontos de apoio, conforme visto nos três artigos sobre sua vida e seus rastros. Finalizando, eu gostaria de recomendar aos leitores para visitar os templos ligados a Nikko e olhar diretamente para os locais históricos e tesouros valiosos, embora seja desnecessário dizer que é importante ler suas biografias e escritos impressos.

Túmulo de Nikko Shonin no Templo Kitayama Honmonji

(*) Coletânea de artigos publicados no Nichiren Shu News nas edições de abril, junho e agosto de 2006, traduzidos pela equipe de tradução da Nichiren Shu Brasil em abril de 2019.

free vector