*tradução de uma matéria retirada da revista budista Tricycle.
É um pouco comum dizer que o Budismo no Japão hoje é uma tradição sob pressão. Enquanto que em séculos anteriores o Budismo representou uma compreensiva cosmológica, política e literária visão de mundo compartilhada pelas pessoas de todas as classes ao longo do arquipélago, hoje não é incomum ouvir monges lamentando o declínio do suporte leigo e preocupados em como a tradição pode sobreviver.
Até mesmo muitos templos no Japão rural têm provado a máxima Budista de que nada é eternamente permanente, fechando suas portas para sempre, já outros exemplificam perfeitamente o princípio Budista de constante mudança inventando engenhosamente novas maneiras de entrelaçar a tradição na vida diária dos cidadãos japoneses. Esta tendência inovadora fica evidente em uma campanha que já completou seis anos de existência no templo Ryoho-ji, pertencente à tradição Nichiren Shu, no bairro de Hachioji, no subúrbio de Tóquio.
Em Maio de 2009, o monge residente instalou um grande “Bem Vindo ao Ryoho-ji!” assinado dentro do portão principal do templo. O quadro de avisos, que antes era destinado a fomentar o interesse das crianças pelo Budismo, agora apresenta uma estética kawaii (significa fofo, em japonês) que é muito presente em mangás (estilo de quadrinhos japoneses) e animês (estilo de desenho animado japonês) Cada uma das entidades consagradas no templo é colocada neste quadro de uma maneira estilizada, em um formato de desenho, com vários dos personagens soltando para fora da moldura, gerando de uma maneira interessante uma dinâmica atraente em uma simples imagem estática bidimensional. QR codes ao lado de cada um dos personagens levam o visitante a um amigável website em versão para celular, separado do site oficial do Ryoho-ji, mas claro, afiliado ao templo, onde oferece informações sobre cada uma das entidades budistas.
A faixada do portão imediatamente atraiu a atenção dos “geeks”de Tóquio (em japonês, Otaku), pessoas fascinadas pelo estilo adorável das ilustrações dos personagens que brotaram em meio a cidade, e isto rapidamente apelidou Ryoho-ji de, o templo que brotou, (moe temple – do verbo moeru). Percebendo uma oportunidade, o neto de um dos monges do templo, criou um amarca chamada Hachifuku que começou a desenvolver e disponibilizar uma série de bugigangas estampadas com os personagens do templo, organizando eventos temáticos dentro do templo Ryoho-ji e até mesmo em outros lugares de Tóquio.
Em 2010, Hachifuku divulgou um vídeo temático e musical do templo, “Tera Zukkyun!” pela Ahodera Records (“Gravação do absurdo templo”, um trocadilho com o nome do Ryoho-ji), apresentando um pastiche com imagens animadas artesanalmente, retirados do quadro de avisos ilustrados e a letra da música composta pelo próprio ilustrador, Toromi. O ilustrador, ele mesmo, também aparece fantasiado de Toro-Benten e instiga os telespectadores a irem ao templo para terem suas práticas direcionadas com amor. Um outro vídeo foi lançado em 2011 (“Namu x Cyun”), introduzindo a deusa Kichijoten com letras sujestivas, uma roupa um pouco sexy e o refrão: “Venha e tome refúgio agora, vamos nos tornar apenas um!”.
A propagando feita por Hachifuku, suas músicas promocionais, a transmissão de um programa quinzenal no YouTube, e um jogo para Android e iOS agora são parte integral da identidade institucional de Ryoho-ji. Como resultado, o templo tornou-se dependente dos talentos destes promotores leigos que provavelmente se motivaram pelo lucro de algumas destas ações, ao menos tanto o quanto também exemplificam os ensinamentos budistas. Alguns jornais, programas de TV e comentários no YouTube repercutiram a campanha com crítica, falando sobre a capitalização em cima do interesse do público nos desenhos bonitos e nas celebridades cosplays envolvidas como uma saída lamentável para a tradição budista.
Mas será mesmo? Assim como os budistas japoneses no passado implantaram inovações em mídias tais como rolos de imagem e artistas carismáticos como contadores de histórias errantes para atrair pessoas para visitar os locais de peregrinação, Hachifuku usou a estética do da próspera indústria de desenhos animados japoneses e do sedutor talento de cosplayers para atrair uma nova geração par ao templo. A julgar pelo número de seguidores do Ryoho-ji no Twitter (4.475, número contado em fevereiro de 2015) e o número de visualizações no Youtube das músicas animadas para o templo (580.537 visualizações para “Tera Zukkyun!” e 102.138 para “Namu x Cyun”), a parceria entre Ryoho-ji e Hachifuku pareceu ter valido a pena.
A longo prazo, porém, o imutável fato da impermanência acabará por prevalecer: Deusas cosplay irão envelhecer e se aposentar. Ilustradores talentosos podem não ser fáceis de substituir se eles mudarem seus interesses para outros projetos. Fans inconstantes podem eventualmente dar sua atenção para outras coisas. Porém, enquanto os personagens fofinhos e os meios hábeis adequados para Tóquio nesta década dos anos 2010 podem parecer efêmeros, a ideia de que o budismo Japonês está em declínio serve como uma motivação e uma explicação para colaborações inovadoras entre monges e artistas, afim de planejarem algo novo na tradição, enquanto se pensa em novas abordagens para os ensinamentos. O Declínio serve como força motora para manter o Budismo vivo.
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Muk says:
02/03/2016 at 4:27 am -
Most Americans don’t know the difference beeewtn Nembutsu and Nichiren, and couldn’t care less. Namu Amida Butsu and Namu Myoho Renge Kyo are nonsense phrases to the average person on the street. To them, we might as well be chanting Coca Cola. So what’s the point of arguing the supremacy of one phrase over the other when there’s no context, no common ground?The point of interfaith dialogue is to find common ground and develop a context in which to discuss religious values and practices. If Nichiren Buddhists refuse to participate in the larger religious community in the U.S., Nichiren Buddhism will forever be a weird little island where people yammer their strange mantra.This is the opposite of what Nichiren wanted. This is my opinion thanks, brooke but I’m basing it on Nichiren’s writings. For example, he wrote that if his compassion is truly great and encompassing, daimoku will spread for more than 10,000 years and open the eyes of the blind.Seems to me, daimoku can’t be shared universally (as Nichiren intended) if Nichiren’s followers refuse to talk to people who hold different religious beliefs.