pelo Abade Chefe Nichiyu Iwana

Nichiren Shonin deixou Kamakura no dia 12 de maio de 1274 (no 11º mês de Bunnei).  No dia 12, ele parou em Sakawa, no dia 13 em Takenoshita, no dia 14 em Kurumagaeshi, no dia 15 em Omiya e no dia 16 em Nambu. No dia 17, ele chegou no Monte Minobu. Hakii Sanenaga, o lorde local, o cumprimentou onde agora está o portão de Somon do Templo Kuonji, e o acompanhou até seu aposento, onde Nichiren Shonin finalmente retirou suas sandálias.

Após descansar, no dia seguinte à sua jornada, Nichiren Shonin, guiado pelo Lorde Hakii, atravessou o Rio Minobu, subiu as montanhas e começou a buscar por um lugar apropriado para um eremitério. Não encontrando um local a seu gosto, ele subiu rio acima. Finalmente ele chegou a uma planície que olhava por cima de uma curva em formato de E no rio, nas profundezas da cavidade do Vale Nishidan (vale oeste). Olhando para as montanhas que se levantavam além do vale, Nichiren Shonin disse “este lugar é um bom lugar”. E logo começou-se a nivelar a terra e a retirar as árvores.

Em pé no lugar onde hoje está o eremitério, você pode ver o Monte Takatori se elevando ao sul, como uma grande tela dobrada cortando a luz e o vento. Há apenas 300 metros ao nordeste, no sudeste da base do Monte Minobu, a vista é excelente, o sol resplandece e a brisa fresca sopra. Todas as vezes que visitei o eremitério do Nichiren Shonin, eu costumava pensar por quê, com tantos lugares melhores ao redor, ele escolheu justamente tal local tão sombrio. 

Esse pensamento, no entanto, refletia minha própria ignorância. Lendo mais tarde os escritos de Nichiren Shonin, me deparei com uma carta que ele havia enviado a Konichi-ama, uma monja que vivia em Kominato, seu lugar natal, em março de 1274 (o 2º ano de Kenji). Nessa carta, ele dizia abertamente sobre seu desejo de visitar os túmulos de seus pais: 

“Quando o vento sopra e as nuvens vão em direção ao leste, eu deixo minha cabana, e com o vento no meu rosto, fico parado no jardim e observo.”

Esta passagem parece dizer que Nichiren Shonin frequentemente olhava saudosista em direção aos túmulos de seus pais em Kominato ao leste. Do pé da montanha ao sul ensolarado, somente o céu sulista é visível. Mas mesmo sendo rodeado de montanhas, o eremitério oferece uma vista clara do céu ao sul. Nichiren Shonin deve ter preferido este lugar porque, mesmo fechado para o vento e para o sol, ele queria ter a vista, mesmo que pequena, do céu ao sul. Daqui ele poderia ansiar manhã e noite pelo céu de Kominato, que debaixo se encontravam os túmulos de seus pais. Como é tocante a ligação entre Nichiren Shonin e seus pais.

No dia 24 de maio, com a construção do eremitério encaminhada, ele terminou escrevendo “Hokke-shuyo-sho” na propriedade do Lorde Hakii e, acompanhado por dois de seus discípulos, partiu para uma viagem ao redor da Província Kai para propagar sua fé.


Os lugares sagrados que permanecem na Província Yamanashi são conhecidos como sendo os lugares que Nichiren Shonin visitou durante sua viagem.

Ao terminar sua jornada de iluminação, que levou 20 dias, Nichiren Shonin retornou ao Minobu para encontrar o eremitério já pronto. Adentrou pela primeira vez no dia 17 de junho de 1274 (11º ano de Bunnei). Todo ano, no dia 17 de junho, uma cerimônia acontece no Monte Minobu para marcar o aniversário deste evento.

A chegada de Nichiren Shonin à propriedade do Lorde Hakii no dia 17 de maio é claramente documentado em uma carta enviada por Nichiren Shonin ao Lorde Toki Jonin em Kamakura. O dia 17 de junho é celebrado porque foi neste dia que ele entrou pela primeira vez no eremitério pronto, marcando o início do Tempo Minobusan Kuonji.

O eremitério tinha 3-ken quadrados, um abrigo que era literalmente uma “cabana de ermitão” (1 ken é aproximadamente 1,8 metro, o tamanho da parte maior de um tatame). Nichiren Shonin começa então sua vida no Monte Minobu, que durou por nove anos. Era uma verdadeira existência frugal e simples.

* Trecho retirado do livro “Nichiren Shonin no Eremitério do Monte Minobu” escrito pelo Abade Chefe Nichiyu Iwana

free vector